Bloomberg — O Ministério da Saúde ordenou que os estados suspendessem a imunização de adolescentes que não fazem parte de grupos de risco para a Covid-19, enquanto investiga os detalhes sobre a morte de um jovem que recebeu uma dose da Pfizer.
A morte foi relatada em São Paulo e está sob investigação, disseram autoridades da pasta em entrevista coletiva nesta quinta-feira (16). Eles não deram detalhes sobre quanto tempo após a vacina a morte foi relatada, nem sobre a causa da morte.
Autoridades de saúde de São Paulo confirmaram em nota a morte de um jovem de 16 anos em São Bernardo do Campo, cidade próxima à capital do estado, que havia recebido uma dose da Pfizer. Não deram detalhes sobre quando ocorreu a morte e disseram que estão investigando se existe alguma relação entre a vacina e a causa da morte, acrescentando que “qualquer conclusão é prematura e temerária”.
As autoridades de saúde em muitos países acompanham de perto os efeitos colaterais potenciais de novos produtos médicos, e as vacinas não são exceção. Para as vacinas da Covid, os profissionais de saúde em muitos países foram encorajados a relatar qualquer efeito colateral potencial após a vacinação para uma investigação mais aprofundada, mas também podem acabar pegando muitos eventos não relacionados.
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“Efeitos adversos”
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que alguns estados estão aplicando vacinas que não foram liberadas para adolescentes. O imunizante da Pfizer é o único autorizado pela Anvisa para o grupo, disse ele, acrescentando que houve 1.500 relatos de “efeitos adversos” entre 3,5 milhões de vacinados.
“Por enquanto, por uma questão de cautela, temos eventos adversos a serem investigados”, disse Queiroga. “Temos adolescentes que tomaram vacinas que não eram recomendadas.”
Adolescentes com doenças subjacentes que receberam a primeira dose de Pfizer podem voltar para a segunda, disse Queiroga. As imunizações estão suspensas para aqueles que não fazem parte de grupos de risco, mesmo aqueles que receberam a primeira injeção da Pfizer, e todos os adultos jovens que receberam outras vacinas, acrescentou.
A Pfizer disse em um comunicado que está acompanhando o caso, mas que, no momento, não há ligação comprovada entre a morte e sua vacina. A companhia acrescenta que o imunizante foi aprovado para uso em adolescentes por reguladores nos EUA e na Europa, bem como em vários outros países, e que monitora todos os relatos de efeitos adversos de perto.
Esta manhã, o ministério emitiu nota pedindo aos estados que suspendam a vacinação de pessoas com idade entre 12 e 17 anos sem comorbidades, dizendo que a Organização Mundial da Saúde não recomendou a imunização desse grupo, que costuma apresentar casos mais brandos da Covid-19. Também citou o fato de apenas uma vacina - a da Pfizer - estar disponível para aquele grupo e uma melhora no cenário da pandemia no Brasil como motivos para a paralisação.
Os adolescentes deveriam começar a receber vacinas em 15 de setembro, de acordo com o cronograma planejado do Ministério, mas vários estados estão implantando as doses há semanas. São Paulo, o estado mais populoso do Brasil, disse que 72% dos adolescentes entre 12 e 17 anos já receberam a primeira dose.
Estudos repetidos demonstraram que as vacinas são altamente eficazes em interromper a hospitalização ou a morte por Covid. Os efeitos colaterais graves da vacinação são excepcionalmente raros.
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