BC deve repetir uso de swap para atenuar US$ 16 bi de overhedge

Segundo analistas, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já indicou que vai prover a liquidez necessária, o que evita ajustes antecipados

“Provavelmente vai ser preciso intervir para fazer frente a demandas pontuais do dólar no fim do ano”
Por Marisa Castellani e Josue Leonel
16 de Setembro, 2021 | 12:39 PM

Bloomberg — O Banco Central deve voltar a atuar por meio de swaps cambiais no mercado para suavizar o ajuste do overhedge no final do ano, estimado entre US$ 16 bilhões e US$ 18 bilhões, dizem gestores. Essa foi a forma de intervenção escolhida para aliviar a pressão no ano passado, quando já ocorreu metade do ajuste esperado para o hedge dos ativos dos bancos brasileiros no exterior.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, indicou que vai prover a liquidez necessária, o que evita ajustes antecipados, segundo analistas. “Provavelmente vai ser preciso intervir para fazer frente a demandas pontuais do dólar no fim do ano”, disse Campos Neto na terça-feira.

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A redução do overhedge - proteção extra dos ativos em moeda estrangeira dos bancos fora do Brasil - tornou-se necessária após o governo publicar no final de março de 2020 medida provisória que mudou a tributação de investimentos de bancos no exterior, com o objetivo de eliminar distorções.

Ao final de 2020, o BC atuou com swaps cambiais para prover a liquidez necessária aos bancos de modo que cumprissem a adequação prevista para 2021. Mas ainda está prevista para o encerramento deste ano a outra metade desse ajuste, para 2022.

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A zeragem de posições de overhedge implica compra de dólares, pois as instituições que detêm parte importante de patrimônio em moeda estrangeira no exterior fazem a proteção da variação cambial por meio de posições vendidas em dólar e compradas em real.

O Banco Central não comentou.

Veja o que dizem analistas:

  • Gustavo Brotto, CIO da Greenbay Investimentos
    • “Banco Central foi em linha com a expectativa do mercado de que o BC proverá liquidez se necessário no fim do ano para o fluxo do overhedge, provavelmente via oferta de swap cambial”
  • Mariam Dayoub, economista-chefe da Grimper Capital
    • BC deve intervir no mercado de câmbio, como fez no ano passado
    • Autoridade monetária pode ajustar ferramentas e atuar leilão à vista ou swap, a depender da situação no mercado
  • Italo Abucater, gerente de mesa de câmbio da Tullett Prebon
    • Bancos não anteciparam compras para overhedge sabendo que a operação é feita com a Ptax do fim do ano e que BC proveria liquidez, como fez no ano passado
    • Liquidez no mundo também deixa o dólar mais comportado globalmente
    • Cenário deste ano é diferente, já que 2020 foi atípico com pandemia e bancos estavam mais vendidos
    • Atuação do BC deve ser por meio de swap cambial
  • Marcos Mollica, gestor do fundo multimercado Opportunity Total
    • “Dada a atuação do BC no ano passado, cenário de todo mundo é de que atuaria novamente este ano”
    • “É importante que BC avisou estar pensando nessa direção”
    • BC deve usar swap cambial como instrumento

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