Seca dificulta entrada do Brasil em rali global do alumínio

Os custos da energia para a indústria brasileira de alumínio triplicaram entre 2001 e 2019, segundo a Associação Brasileira do Alumínio

Pior seca em quase um século piora as perspectivas para o abastecimento de energia no país
Por Mariana Durao
14 de Setembro, 2021 | 11:43 AM

Bloomberg — Mesmo com os preços do alumínio em alta, a prolongada crise hídrica no Brasil dificulta a retomada de investimentos em nível suficiente para que o país volte a ser um grande exportador do metal.

Os preços da energia precisariam cair, acompanhados de um cenário menos incerto para a geração de eletricidade antes que o Brasil possa começar a recuperar sua posição no mercado global de alumínio, disse Janaina Donas, presidente-executiva da Associação Brasileira do Alumínio (ABAL). A eletricidade representa mais de 70% do custo de produção do metal refinado no país.

“O preço é um elemento importante e está favorável, mas não é o único. A questão do custo da energia ainda precisa ser endereçada no Brasil”, disse a presidente da ABAL em entrevista na segunda-feira. “Não sei se poderíamos voltar a ser exportadores, mas pelo menos autossuficientes”, disse, sem dar um prazo. O Brasil é importador líquido de alumínio desde 2014.

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No passado, produtores de alumínio investiram bilhões de dólares no País, rico em bauxita, para aproveitar a energia hidrelétrica, antes barata e abundante, tornando o país o sexto maior produtor de alumínio primário do mundo. Com as várias crises de energia, fábricas foram desativadas e o Brasil caiu para o 15º lugar no ranking de produção.

Agora, a pior seca em quase um século piora as perspectivas para o abastecimento de energia no país.

Os custos da energia para a indústria brasileira de alumínio triplicaram entre 2001 e 2019, segundo a ABAL.

Donas diz que o cenário hoje difere daquele da crise energética de 2001. A indústria investiu em autogeração e têm planos de contingência, mas a falta de previsibilidade preocupa. “Uma interrupção não planejada no suprimento de energia de um forno pode ter um efeito às vezes irreparável na produção”, disse.

O setor ainda analisa a possibilidade de adesão ao programa de Redução Voluntária de Energia Elétrica (RVD) da indústria apresentado pelo governo.

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