São Paulo — Pressionado pela disparada dos preços dos combustíveis, um dos vilões da inflação, o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, voltou, nesta terça-feira (14), a eximir a estatal de responsabilidade pelos preços finais dos produtos ao consumidor, durante audiência na Câmara dos Deputados, em Brasília. A petroleira é alvo de uma ação civil pública na Justiça Federal, movida por 12 estados e o Distrito Federal, que contesta sua publicidade sobre a composição dos valores cobrados na bomba.
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Sobre o preço da gasolina, ele argumentou que uma parte desse valor é para cobrir os custos de produção, investimentos e juros da dívida, e outra parte corresponde ao pagamento de impostos. “Qualquer termo dessa equação que é modificada, gera uma volatilidade no preço dos combustíveis”, disse o presidente da estatal, segundo relato da Agência Câmara de Notícias.
Quanto ao preço do gás de cozinha, Silva e Luna afirmou que sobre eles só incide impostos estaduais, pois os impostos federais foram zerados.
“Temos uma rigorosa governança: não tem espaço para aventura na empresa. A Petrobras triplicou a entrega de gás para operação das termoelétricas nos últimos 12 meses e contribui para este momento de crise energética”, informou.
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O executivo citou aos parlamentares os desembolsos da companhia para a União. “A Petrobras pagou R$ 533 bilhões de tributos e R$ 20 bilhões de dividendos, o que caracteriza a melhor maneira que a Petrobras contribui para o Brasil. Faz investimentos selecionados e tem uma forte governança para evitar qualquer desvio. A empresa soma com foco naquilo que ela faz de melhor. Só uma empresa forte pode fazer isso”, disse.
Atualmente, os preços dos combustíveis contribuem para a piora do índice oficial de inflação. O IPCA de agosto mostrou alta de 0,87%, acima das expectativas dos analistas que esperavam avanço de 0,70%, levando o mercado a projetar o quinto aumento da taxa Selic no próximo dia 22.
No mês passado, as maiores contribuições para o IPCA foram dos componentes de transportes, alimentação e bebidas. O resultado de transportes (1,46% na variação mensal) foi influenciado pela alta dos combustíveis (2,96%). A gasolina subiu 2,80% e teve o maior impacto individual no índice do mês (0,17 ponto percentual).
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