O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deu um “banho de água fria” nos investidores e pode ter dado um “tiro no pé” ao sinalizar que a autoridade monetária não olhará mais para os dados de inflação de curto prazo para priorizar a perspectiva de médio e longo prazos no horizonte da política monetária. A avaliação é de Carlos Woelz, sócio da Kapitalo Investimentos.
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Para Woelz, a safra recente de dados de inflação “foi horrível”, mas o BC corre o risco de perder o controle das expectativas se alongar o chamado horizonte da política monetária para muito longe. Ele participou de webcast da Eleven. “Se ele alongar o horizonte dos juros para 2023, em 2023 a gente não sabe nem quem é o presidente. O alongamento pode ser interpretado como fugir da responsabilidade de combater a inflação nem neste ano, mas também no ano que vem”, disse.
“Foi um tiro no pé enorme, que pode eventualmente levar o mercado ficar mais baixo [piorar]. Se o cara vai subir de 100 [pontos] em 100, vai demorar para chegar a 9%. Mostra pouca disposição de colocar o juro um pouco mais rápido no nível que precisa estar”, completou.
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Para Woelz, o BC errava ao ser muito gradualista. “Agora, o BC fez uma mudança bastante grande de comunicação, dizendo que não mais vai olhar para o que ele chama de variação de dados de curto prazo e vai fazer uma política whatever takes, subir o nível de juros até que seja necessário, mas mais olhando para uma média móvel maior dos dados”, disse.
Na avaliação do gestor, essa mudança é uma coisa nova que ainda precisa ser digerida. “Vou esperar a reunião do Copom para entender se foi um erro de comunicação ou se de fato ele está querendo fazer a mudança dessa forma, quebrando o que ele fez até agora”, disse.
“Uma mudança dessas deveria vir com um conforto para o mercado que não vai afrouxar o combate à inflação, que tá muito, muito alta. O cenário piorou no último mês. Acho que está correndo o risco de perder um pouco das expectativas de inflação e o mercado ir para cima dele”, completou.
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