Bloomberg Línea — Os membros do grupo sul-coreano de K-pop BTS receberam nesta terça-feira (14) passaportes diplomáticos da Coreia do Sul, entregues pelo presidente do país, Moon Jae-in.
O documento será utilizado para que os integrantes possam viajar, na próxima semana, a Nova York para representar o país na Assembleia Geral das Nações Unidas, que começa hoje, como “enviados especiais para as gerações e cultura futuras da Coreia do Sul”.
O grupo, formado por Kim Namjoon, Kim Seokjin, Min Yoongi, Jung Hoseok, Park Jimin, Kim Taehyung e Jeon Jungkook, é um dos maiores fenômenos da indústria musical atual, responsável pelo maior número de álbuns vendidos na história por um artista coreano.
Já as ações da gravadora por trás do grupo, a Hybe, dispararam perto de 8% na madrugada desta terça. Os papéis acumulam alta de mais de 130% desde que a companhia abriu capital na bolsa de Seul, em outubro do ano passado.
Bang Si-hyuk, o fundador da agência, tem um patrimônio estimado de US$ 3,2 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index, que dobrou em menos de um ano na esteira da aquisição, em abril, da gravadora americana que atende artistas como Ariana Grande e Justin Bieber.
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Agora, por que isso importa?
Além de um modelo de negócios de sucesso, os grupos de K-pop são vistos como uma ferramenta diplomática da Coreia do Sul, junto a outros representantes do movimento musical.
Em outubro de 2018, o presidente Moon já havia recrutado o BTS para uma recepção ao presidente francês, Emmanuel Macron, em Paris. No mesmo ano, o líder Kim Namjoon discursou na cerimônia de lançamento de uma parceria do grupo com a Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), que, desde então, arrecadou US$ 2,98 milhões globalmente, impulsionado principalmente pela forte presença da banda nas redes sociais.
Para o analista do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional (NPII) da FGV, Leonardo Paz, a indicação de BTS não surpreende e faz parte de uma estratégia de Estado adotada pela Coreia do Sul há vários anos.
“Eles identificaram que isso gera dinheiro, bilhões de dólares por ano, sendo que é difícil ter uma geração de recursos tão grande, por tanto tempo. E tem ainda o elemento diplomático de soft power, que é de exportar elementos culturais para vender o país de maneira mais favorável.”
Leonardo Paz, Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional (NPII) da FGV
Ele lembra que o Brasil já teve uma abordagem semelhante de soft power no passado, enviando o cantor Gilberto Gil, então ministro da Cultura, para o encontro em 2003.
Agora, os sete sul-coreanos irão participar do evento ao lado de cerca de 100 chefes de Estado e de governo, como os presidentes brasileiro, Jair Bolsonaro, e o americano, Joe Biden, que devem discursar em 21 de setembro. Também participam o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, entre outros.
A pauta da 76ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas deve se concentrar na reconstrução do mundo após a pandemia, além da agenda climática.
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