Miami — Com o aumento da digitalização na América Latina, vemos cada vez mais empresas tomando setores que antes eram muito fragmentados e criando um mercado online para que os usuários possam encontrar tudo em um só lugar. No entanto, uma área que ficou defasada foi a de compras no atacado para restaurantes. É aí que entra a Cayena.
A Cayena é um marketplace B2B para mantimentos e outros suprimentos que os restaurantes precisam semanalmente. A empresa com sede em São Paulo, lançada com um produto mínimo viável (MVP) em setembro de 2019, anunciou hoje o fechamento de sua rodada da Série A de US$ 3,5 milhões, levando o total arrecadado até agora para US$ 4 milhões.
Embora a Cayena diga que não tem concorrência direta – outro marketplace atacadista online – os atacadistas da região estão migrando rapidamente para a digitalização e também relataram um faturamento mais baixo como resultado da pandemia.
Aliás, um estudo de julho de 2020 concluiu que, em uma tentativa de se adaptar às complicações decorrentes da pandemia, “73% dos mercados atacadistas da América Latina e do Caribe estão usando aplicativos ou plataformas digitais para comercializar seus alimentos”. A pesquisa também revelou que “92% dos atacadistas relataram uma redução nas compras de hotéis, restaurantes e outros tipos de serviços”.
Uma coisa em que a Cayena pode apostar é o fato de que “aqui no Brasil, e na América Latina como um todo, existe uma extrema volatilidade de preços e pouca transparência”, disse Pedro Carvalho, cofundador e CEO da Cayena. Como um marketplace digital, a empresa facilita a comparação de preços.
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A plataforma contém mais de 20 mil produtos de diversas categorias, incluindo embalados, laticínios, proteínas, bebidas, materiais de limpeza, frutas e verduras, entre outros, e oferece entrega no dia seguinte nas maiores cidades do estado de São Paulo. A Cayena planeja usar os fundos levantados para ampliar ainda mais as entregas em todo o estado.
Tradicionalmente, os donos de restaurantes têm de pedir alimentos e suprimentos de diferentes fornecedores, muitas vezes fazendo pedidos via WhatsApp ou telefone. Cada fornecedor vende certas quantidades mínimas e a um determinado preço, por isso é um desafio semanal para os donos de restaurante determinar onde e quanto comprar.
“Eles [donos de restaurantes] vão a um atacadista ou um distribuidor local e as duas experiências são extremamente off-line”, disse Carvalho.
Além da comodidade que a Cayena oferece, Carvalho afirma que tem conseguido ajudar usuários a economizar, em média, cerca de 15% em cada venda, e a empresa afirma ter cerca de dois mil restaurantes clientes.
O marketplace, que está atrás da indústria atacadista de alimentos de US$ 100 bilhões da América Latina, criou um algoritmo otimizado para quantidades mínimas, preços e fornecedores, para que os usuários não acabem comprando um item de cada fornecedor e possam obter o melhor preço disponível dentro dos outros parâmetros.
“Isso consolida tudo”, disse Raymond Shayo, cofundador da Cayena. O marketplace ganha dinheiro com uma take rate – uma taxa de intermediação – mas a empresa disse que ela varia e que ainda está refinando seu modelo de monetização.
O trio de fundadores da Cayena aposta primeiro uns nos outros; depois, em uma ideia de negócio. Eles se conheceram durante a faculdade e, mais tarde, os três trabalharam com finanças. Eles decidiram abrir um negócio juntos, começaram a procurar espaços no mercado e encontraram um no atacado. A família de Carvalho era dona de um restaurante de comida japonesa quando ele era mais novo, então ele estava familiarizado com o negócio de restaurantes. Eles começaram a Cayena com o próprio dinheiro e então levantaram US$ 550 mil em uma rodada seed, que então usaram para desenvolver o ajuste do produto ao mercado.
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“Para ser totalmente honesto, foram necessárias centenas de viagens em nossos carros a fornecedores e restaurantes para combater a inércia. Começamos a nos tornar os fornecedores e a integrar clientes”, disse Shayo.
Marketplaces são notoriamente complicados porque as startups têm de vender para ambos os lados e mostrar para ambos que criam valor. Muitas vezes se parece com o dilema do ovo e da galinha, no qual um lado só quer se juntar ao negócio se o outro lado já estiver lá.
“Íamos de porta em porta de restaurantes e tentávamos fechar negócio com todos; então dizíamos ao fornecedor ‘temos todos estes restaurantes em uma determinada área, quer ser nosso fornecedor?’”, disse Shayo.
Esta rodada foi liderada pela Picus Capital, com participação da Astella Investimentos, FEMSA, MSA Capital, Canary Ventures, Grão VC, NOA Capital, TAP Development, FJ Labs e Norte Ventures.
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