São Paulo — O Brasil deve decidir, nos próximos dias, se seus terminais portuários vão receber cruzeiros neste ano, após reuniões do setor com ministros em Brasília marcadas para esta semana. Tradicionalmente, a temporada começa entre o fim de outubro e o início de novembro. A última vez que visitantes estrangeiros desembarcaram de um navio de viagem de turismo foi em março do ano passado, quando a OMS (Organização Mundial da Saúde) decretou a pandemia da Covid-19 no dia 11 daquele mês.
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As negociações entre o setor e o governo federal para liberar a chegada dos cruzeiros entraram na reta final, envolvendo a CLIA Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos) e quatro ministérios (Turismo, Justiça, Infraestrutura e Saúde). A expectativa da CLIA Brasil, braço nacional da Cruise Lines International Association, que representa 95% da frota global de cruzeiros, é que uma decisão seja anunciada nos próximos dias.
Maior porto da América Latina, o Porto de Santos (SP) informou, nesta segunda-feira (13), que ainda não há programação de navios de passageiros, no que se refere à infraestrutura pública, ou seja, solicitação de atracação. Em geral, os armadores fazem as reservas ao Porto com cinco a dez dias de antecedência.
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Navios de passageiros têm prioridade em relação aos de cargas. A última vez que Santos viu um cruzeiro no cais foi no dia 19 de março do ano passado. Era uma embarcação da Costa Cruzeiros.
“O setor de cruzeiros continua trabalhando pela viabilização da temporada e, inclusive, reuniões dos ministros competentes e responsáveis pelo assunto já estão agendadas para os próximos dias, para discutirem e deliberarem sobre os robustos protocolos de segurança apresentados pelo setor”, informou a CLIA Brasil, negando notícias falsas publicadas pela mídia de que a temporada de cruzeiros deste ano tinha sido cancelada.
Procedimentos
A última previsão do Terminal Concais, no Porto de Santos, é que a temporada nacional tenha início em 5 de novembro, com expectativa de que seis navios passem pela costa paulista até meados de abril do ano que vem.
“Estamos otimistas com a temporada de cruzeiros”, disse a diretora de operações do Concais, Sueli Martinez.
Caso confirmada pelo governo federal, a nova temporada será diferente em relação ao período de pré-pandemia.
“Faremos todos os controles sanitários necessários, pois sabemos da importância do nosso setor para a retomada de empregos. Para se ter uma ideia, só no Porto de Santos, a temporada deve injetar mais de R$ 132 milhões para a economia de Santos e região”, afirmou a executiva.
Segundo a Concais, as grandes armadoras já se organizaram e implementaram uma série de procedimentos para voltarem a realizar seus roteiros com total segurança. Entre as medidas que estão sendo consideradas pela Clia Brasil, estão os testes para detectar a Covid-19 antes do embarque e durante a viagem, a reserva de cabines para possíveis quarentenas, a distribuição de pulseiras que detectam aglomerações e um novo sistema de ventilação dentro dos navios.
A entidade também está levantando a possibilidade de limitar a ocupação dos cruzeiros para 70% da capacidade máxima. Os terminais de cruzeiros marítimos, como o Concais, também adotaram os protocolos adicionados aos dos navios para os embarques e desembarques.
EUA
A possibilidade de retorno dos cruzeiros ao país ocorre no momento em que países da Europa, como Portugal, Espanha, Alemanha e Suíça, abriram as portas para brasileiros vacinados. Na diplomacia, a regra é a reciprocidade nesses casos. Nesta segunda-feira (13), o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA reduziu em um degrau a restrição de viagens para o Brasil por conta da Covid-19, à medida que a pandemia diminui na maior economia da América Latina. O Brasil agora está classificado como nível 3, ou “alto”.
O Ministério do Turismo, que ouve as demandas das empresas de cruzeiros, informou que as negociações ainda estão em andamento. “Continuamos trabalhando em torno dos trâmites e negociações para viabilizar a temporada de cruzeiros no Brasil. O assunto tem sido debatido com outros ministérios como Saúde, Justiça e Infraestrutura, além de outros órgãos e autoridades, como a Anvisa e o setor de cruzeiros, e há reuniões marcadas no decorrer dos próximos dias para discussão e adequações dos robustos protocolos de segurança apresentados pelo setor, confiantes de que essa importante atividade econômica possa voltar com segurança no Brasil”, informou.
Para o retorno dos cruzeiros à costa brasileira, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) teria de mudar sua recomendação para o setor, estabelecendo novas orientações de prevenção contra a Covid-19 nos terminais portuários, mas isso só deve ocorrer após uma decisão do Palácio do Planalto com os armadores e os ministérios.
“Esses protocolos de segurança, que já foram implementados pela CLIA e pelo setor de cruzeiros ao redor do mundo, com aprovação das autoridades sanitárias de cada região, mostram que o setor está preparado para navegar em segurança. Aproximadamente 1,5 milhão de pessoas já voltou a fazer viagens de cruzeiro, em mais de 170 navios que estão em atividade nos cerca de 50 países que já liberaram a retomada das operações”, informa a CLIA Brasil.
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