Barcelona — A resposta da zona do euro à crise foi contundente e seguida de uma rápida recuperação, mas os riscos permanecem, observa a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em seu estudo econômico mais recente.
Embora as projeções centrais apontem para uma inflação abaixo da meta de 2% definida pelo BCE, a recuperação dos preços nos primeiros meses de 2021, impulsionada pelo aumento dos custos de energia e alimentos, pode ocasionar um reajuste temporário de preços.
Uma recuperação sustentada da inflação poderia antecipar a redução do apoio monetário do BCE, o que poderia gerar um aperto financeiro, explicou a OCDE. “A inflação está há muito tempo abaixo da meta do BCE, e os riscos estão caindo além do curto prazo”, disse a OCDE. No entanto, “a política monetária deve continuar sendo ajustada até que a inflação atinja a meta do BCE”, acrescentou a agência no seu estudo.
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Segundo a OCDE, a recuperação está avançando, mas as consequências econômicas da pandemia podem ser persistentes, e o apoio fiscal não deve ser encerrado prematuramente. O PIB aponta crescimento de 4,3% neste ano e de 4,4% em 2022, calcula a OCDE. Em 2020, a pandemia fez com que a economia da zona do euro despencasse 6,7% do PIB. O desemprego na zona do euro, segundo projeções da OCDE, deve ficar em 8,2% neste ano, em comparação a taxa de 7,9% no ano que vem.
A revisão da política monetária do BCE foi elogiada pela OCDE, embora o órgão tenha apontado a necessidade de “manter a atenção a possíveis efeitos colaterais negativos de medidas de afrouxamento prolongadas, como uma dinâmica insustentável de preços de preços de ativos nos mercados financeiros e imobiliários”.
Ontem, o BCE anunciou que continuará com a sua política de recompra de títulos, apesar de fazê-lo em um ritmo “moderadamente mais lento” do que anteriormente neste ano.
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Em seu estudo, a OCDE observa que o sistema bancário europeu ainda não está totalmente integrado, o que contribuiu para a fragmentação financeira e a divergência económica na sequência da crise financeira. Os depósitos em bancos da zona do euro são vulneráveis a distúrbios em diferentes países, e foi criada uma força-tarefa para criar um sistema europeu integrado de garantia de depósitos, acrescentou o estudo.
Em relação à política fiscal, a OCDE observa que deve continuar apoiando a economia da zona do euro até que a recuperação esteja sólida, evitando consolidações prematuras, e as medidas fiscais da UE com relação à crise devem ser implementadas rapidamente, acrescentou a agência.
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