Alta do IPCA faz bancos revisarem projeções para inflação em 2021

Índice divulgado nesta quinta acumula alta de 5,67% no ano e de 9,68% nos últimos 12 meses

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São Paulo — Após o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgar os dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) na manhã desta quinta-feira (09), os quais mostraram uma alta de 0,83% em agosto, a maior para o mês desde o ano 2000, bancos e corretoras revisaram suas projeções anuais para o índice.

O índice divulgado hoje acumula alta de 5,67% no ano e de 9,68% nos últimos 12 meses imediatamente anteriores, segundo informações do IBGE, que também pontuou que oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados subiram em agosto, com destaque para os transportes, que teve a maior alta de preços.

Segundo o instituto, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados subiram em agosto, com destaque para os transportes, que teve a maior alta de preços.

Revisões

BTG Pactual

O BTG revisou sua projeção do IPCA para 2021 de 8,2% para 8,6%, com ajustes amplos, atingindo Serviços, Alimentos e Preços Administrados. Segundo o banco, o dado divulgado hoje “segue indicando pressões inflacionárias disseminadas nos segmentos”.

Na leitura dos analistas, para o cenário de juros, a surpresa inflacionária pressiona o Banco Central a ser mais hawkish em seu comunicado e em movimentos. “Precisamos seguir monitorando as expectativas de inflação, principalmente para 2022, e em menor escala 2023, considerando que as projeções de inflação para o próximo ano podem ser contaminadas pelo cenário atual”, diz o relatório assinado por Álvaro Frasson, Arthur Mota, Leonardo Paiva e Luiza Paparounis.

Veja mais: Analistas projetam maior choque de juros após surpresa negativa da inflação

Bank of America

O BofA alterou sua projeção inflacionária de 7,75% para 8,0% neste ano. Entretanto, para setembro, o banco espera que a inflação desacelere para 0,75% na base mensal, tendo como impulso o alívio nos preços dos combustíveis e dos alimentos. Mas o banco destaca a possibilidade de que os preços de energia e passagens aéreas aumentem significativamente.

Na base anual, a expectativa é que a inflação atinja um pico de 9,80% em setembro. Porém, o BofA vê as pressões de alta nos alimentos e combustíveis se dissipando até dezembro. O relatório, assinado por David Beker, também pontua que o ciclo de alta do Banco Central deve evitar que as pressões de alta persistam no médio prazo.

Como riscos de alta, o relatório elenca os preços de commodities, os riscos fiscais e aumentos adicionais nas tarifas de energia, tendo em vista os baixos níveis dos reservatórios.

Ativa Investimentos

A corretora alterou sua projeção para 2021 de 7,5% para 8,2%. A Ativa elevou também sua projeção para o IPCA de 2022, de 3,5% para 3,7%.

“Já projetamos que o Banco Central acelerará o passo da Selic para 125bps na próxima reunião, mesmo antes do IPCA de hoje”, disse Étore Sanchez, economista-chefe. “As surpresas inflacionárias altistas não contaminaram nossa projeção de IPCA de 2022 anteriormente exatamente por ser combatido por política monetária”, completou.

Segundo o economista, para que houvesse a convergência da inflação para a meta em 2022 seria necessária uma elevação da Selic para cerca de 10%, exigindo um choque de juros até o primeiro bimestre do ano que vem. “Mantivemos a projeção de Selic em 8,5%, ao passo de 125/125 e 75 e optamos por elevar, por inércia, o IPCA de 2022 de 3,5% para 3,7%. Vale lembrar que nossa perspectiva para PIB já é pessimista, com 2021 fechando em 4,6% e 2022 em apenas 1,6%”, disse Sanchez.

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