São Paulo — Os mercados locais tiveram um dia de grandes perdas, com o Ibovespa registrando queda de mais de 3% e o dólar disparando, ficando acima dos R$ 5,30, com os investidores reagindo aos impactos potenciais das manifestações do ferido de 7 de setembro na economia, agenda de reformas e nos negócios em geral.
- A bolsa caiu mais de 3%, fechando abaixo dos 114.000 pontos. Com a intensificação das desavenças entre os poderes, os investidores temem os rumos da política e, principalmente, das reformas. A tensão local somou-se ao mau humor externo, com as quedas das bolsas europeias e americanas azedando ainda mais o clima por aqui
- O câmbio também foi afetado. O mercado teme que o imbróglio político pode não só atrasar as reformas como também atrapalhar a entrada de investimentos no país. As taxas do DI tiveram altas significativas em todos os vencimentos
“Não temos certeza sobre qual vai ser o desfecho dessa crise institucional”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe na Veedha Investimentos. “Precisamos de uma resolução na articulação entre os poderes. A paralisação da agenda legislativa gera ainda mais incerteza sobre destino das reformas e dá mais combustível para desvalorização dos ativos”, completa.
Outro ponto é que, os ataques de Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal tornaram as negociações sobre os precatórios bastante delicadas. O ministro da Economia, Paulo Guedes, vinha trabalhando com o STF numa solução via Conselho Nacional de Justiça para estabelecer um teto no pagamento de precatórios, que somam R$ 90 bilhões no orçamento do próximo ano.
Agora, a única alternativa pode ser avançar no Congresso com a PEC que autoriza o governo a pagar as dívidas de forma parcelada, em até 10 anos, disseram as fontes.
No início da tarde, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, fez pronunciamento no qual declarou que ameaçar decisões da corte é crime de responsabilidade e que ninguém fechará o tribunal.
Em seguida, o procurador-geral da República, Augusto Aras, também se pronunciou, atenuando os fatos da véspera, dizendo que as manifestações do 7 de setembro foram pacíficas e típicas de um regime democrático. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), resolveu suspender as sessões da Casa agendadas para hoje e amanhã.
- Câmbio: Perto do fechamento, o dólar operava em alta de 3,15%, a R$ 5,33
- Bolsa: O Ibovespa fechou em queda de 3,78%, a 113.412 pontos
- Lideraram os ganhos em pontos Localiza (RENT3), Suzano (SUZB3) e Unidas (LCAM3). As ações da B3 (B3SA3), do Itaú (ITUB4) e Vale (VALE3) foram destaques negativos
- Juros: Assim como o dólar, as taxas dos DIs dispararam. A taxa para janeiro de 2022 subiu 8,5 pontos, para 6,960%, enquanto a de janeiro de 2025 avançou 26 pontos, para 10,06%
- Bitcoin: No final do dia, a criptomoeda operava em queda de 1,95%, a US$ 46.019
- Exterior: Em Nova York, os principais índices fecharam em queda, assim como as bolsas europeias. O Dow Jones caiu 0,20%, o S&P 500, 0,13%, e o Nasdaq, 0,57%
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