Ativos brasileiros despencam com risco político pós-manifestações

Os tumultos políticos do dia 7 de setembro atrapalharam o Brasil em um momento desfavorável a países emergentes

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Bloomberg — Os ativos brasileiros despencam nesta quarta-feira (8), liderando as perdas globais, enquanto a retórica inflamada do presidente Jair Bolsonaro nos protestos de 7 de setembro afetam as perspectivas políticas e econômicas do país.

O real chegou a cair 2,4%, se tornando a moeda principal com pior desempenho, enquanto as ações despencavam até 2,9%. Os mercados brasileiros ficaram fechados durante o feriado do Dia da Independência, quando milhares de apoiadores do Bolsonaro participaram de manifestações pró-governo com slogans contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e pedidos de intervenção militar.

Bolsonaro, que discursou para multidões em São Paulo e Brasília, fez duras críticas ao STF e às autoridades eleitorais. O presidente tem atritos com o STF quanto ao que afirma serem decisões que estão além de sua autoridade; com as autoridades eleitorais, a discussão é sobre alegações infundadas de fraude eleitoral.

“Nós não mais aceitaremos que qualquer autoridade, usando a força do poder, passe por cima da nossa Constituição”, disse Bolsonaro em São Paulo, referindo-se a Alexandre de Moraes, ministro do STF que autorizou investigações contra o presidente e seus aliados por supostos ataques contra a democracia. “Eu nunca serei preso”.

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A “retórica inflamada” de Bolsonaro provavelmente agravará as tensões entre o presidente e os tribunais, segundo a consultoria política Eurasia em nota. E também pode dificultar ainda mais para o governo encontrar uma solução coordenada com os juízes para o impasse dos pagamentos de precatórios programados para 2022, vistos como essenciais para a perspectiva fiscal do país.

“O burburinho político vai continuar intenso no Brasil”, disse Greg Lesko, gestor de carteira da Deltec Asset Management em Nova York. “As tensões locais estão atingindo o Brasil em um dia ruim para os mercados emergentes em geral”.

Os protestos também geraram apelos mais intensos para que Bolsonaro sofresse impeachment. O governador de São Paulo, João Doria, aliado que se tornou rival político, disse publicamente pela primeira vez que apoia a destituição do presidente. A liderança de seu partido, o PSDB, disse que se reunirá para discutir um posicionamento sobre a abertura de um processo de impeachment, caminho que ainda tem poucas chances de sucesso, considerando a aliança do presidente com partidos-chave no Congresso.

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“Já é difícil destituir um presidente com índice de aprovação de 30%, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, continua do lado da administração”, segundo a Eurasia.

O presidente do STF, Luiz Fux, e o presidente da Câmara, Lira, devem falar ainda hoje sobre as manifestações.

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