Bloomberg Línea — A emenda do Sete de Setembro no Brasil e a ausência de pregão nos EUA - parado pelo feriado do Dia do Trabalho - devem marcar um dia de baixíssima liquidez para o Ibovespa, que pode se manter pressionado pela cautela com a boataria em torno dos protestos marcados para esta terça-feira (7) no Brasil.
Os mercados devem monitorar o tamanho das manifestações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro e potenciais guinadas mais autoritárias no discurso previsto para a tarde, na Avenida Paulista, em São Paulo.
- Ações de frigoríficos podem reagir à confirmação do Ministério da Agricultura neste sábado (4) de dois casos de BSE, a doença da “vaca louca”, que estavam sendo investigados. A expectativa é que sejam reconhecidos como casos atípicos, isto é, diferente de um surto – esta tem sido a abordagem do governo brasileiro. O país é o maior exportador de carne bovina do mundo (23% dos embarques globais).
Lá fora, os mercados asiáticos subiram impulsionados pela saída do primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, enquanto, na Europa, os ativos subiam antes da reunião de política monetária do Banco Central Europeu, na quinta-feira (9).
- Futuros americanos sobem, com Dow Jones (+0,23%), S&P 500 (+0,21%) e Nasdaq (+0,27%). O mercado de ações à vista e o de títulos ficam fechados nos EUA por conta do feriado.
- Bolsas asiáticas fecharam mistas: Tóquio/Nikkei 225 (+1,83%), Hong Kong/Hang Seng (+1,01%) e Xangai (+1,12%).
- Por aqui, o Ibovespa fechou em alta de 0,22%, aos 116.933 pontos. Na última semana, o índice caiu 3,10%, enquanto o dólar fechou em alta de 0,21%, a R$ 5,216, refletindo a maior cautela doméstica, assim como a ponta mais longa da curva de juros.
Direto de Brasília (e outros lugares)
- Expectativa com o tamanho das manifestações lideradas pelo presidente Jair Bolsonaro no 7 de Setembro, o tom que será adotado, haverá ou não incidentes (o Departamento de Estado dos EUA alertou seus cidadãos que estão no Brasil para o risco de violência) e a resposta dos atores políticos e econômicos depois.
- Na semana passada, a aprovação da reforma do IR (com um texto substancialmente diferente do enviado pelo governo) já tinha suscitado temores de que temas fiscais estão soltos no Congresso. A minirreforma trabalhista foi abatida no Senado na véspera.
- O fiscal continuará piscando no mercado essa semana, que tende a ser decisiva sobre os precatórios. A dúvida é se haverá alguma ressaca das manifestações de amanhã contaminando a possibilidade de limitar o tamanho desta despesa, via CNJ (Conselho Nacional de Justiça) ou Congresso, no Orçamento de 2021, como quer a equipe econômica.
- Hoje será um dia turbulento para o agro: é o primeiro pregão depois que o Brasil suspendeu preventivamente as exportações de carne para a China (no sábado); na sexta, antes da confirmação de dois casos atípicos de “vaca louca”, os futuros do boi gordo caíam 4% e frigoríficos como o Minerva já tinham perdas. Os negócios com carne estão praticamente paralisados no país. Expectativa se outros países vão embargar carne brasileira.
- Isso aqui é o que sabemos até agora sobre a crise desatada pela confirmação dos dois casos atípicos de “vaca louca” em Minas Gerais e Mato Grosso. Nada sugere se tratar de surto por enquanto, mas, enquanto não houver uma definição da China sobre as explicações dadas pelo Brasil, toda a cadeia produtiva da carne aqui vai sentir muita dor.
- No Relatório Focus divulgado hoje, expectativas de IPCA 2021 foram para 7,58% e, em 2022 para 3,98%. Já o PIB foi de 5,22% para 5,15%. Expectativa da Taxa Selic em alta em 2021, de 7,5% para 7,63%, e em 2022, de 7,5% para 7,75%.
Queda na média móvel de mortes por Covid: neste domingo, o Brasil registrou 257 mortes por Covid-19; média móvel chegou a 606 óbitos (-21% em relação a 14 dias), a mais baixa desde a primeira semana dezembro. Desde o início, a pandemia tirou a vida de 583.570 brasileiros.
Enquanto você dormia
O governo de São Paulo se prepara para avançar no processo de privatização da Sabesp. Nas próximas semanas, será contratada a consultoria que fará a modelagem de como o processo será desenrolado, dando sequência ao plano estadual de privatizações, disse Rodrigo Maia (sem partido), secretário de Projetos e Ações Estratégicas de São Paulo, em entrevista concedida à Bloomberg Línea, no Palácio dos Bandeirantes.
- EUA vive a maior infestação de lagartas dos últimos 30 anos
- Valor: Empresas recompram ações em meio à queda da bolsa
- Folha: Ex-presidentes e parlamentares de 26 países alertam para ‘insurreição’ no Brasil no dia 7 de Setembro
- Estadão: Esquemas de pirâmides financeiras se alastram pelo País e mobilizam a CVM
- O Globo: Ministros do STF articulam nos bastidores para conter crise entre Poderes
- NYT: Americans Stretch Across Political Divides to Welcome Afghan Refugees
- WSJ: Business Travel Rebound Stifled by Covid Resurgence
- Washington Post: Taliban claims victory over last pocket of resistance in Afghanistan
Na Bloomberg Línea
- 8 coisas que você precisa saber sobre os casos de ‘vaca louca’ no Brasil
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- Millennial e LGBTQ, Eduardo Leite luta para ser opção a Lula e Bolsonaro
- Concorrência: App Store vai permitir links para cobrança externa de apps de assinatura
- Evino quer popularizar vinho no Brasil, mas pós-pandemia é desafio
- Como o WeWork está se adaptando ao aumento do interesse no trabalho híbrido
Agenda do dia
- Jair Bolsonaro: reuniões com Anderson Torres, Ministro da Justiça e Segurança Pública; com Pedro Cesar Sousa, Subchefe para Assuntos Jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência; com embaixador Carlos França, Ministro de Estado das Relações Exteriores.
- Paulo Guedes (Economia): 5ª Reunião Extraordinária do Conselho Nacional de Política Energética; reunião com o secretário Especial da Receita Federal, José Tostes.
- Roberto Campos Neto (BC): despachos internos em São Paulo
Para não ficar de fora
O fim das Paralimpíadas no Japão deixaram o Brasil na sétima colocação no quadro geral de medalhas, com 72, sendo 22 de ouro. É a melhor colocação do país na história dos Jogos.
Enquanto isso, a inédita interrupção da partida das eliminatórias entre Brasil e Argentina provou que o brasileiro vai do susto ao meme mais rápido do que qualquer um no mundo...