Países ricos terão 1,2 bilhão de vacinas sobrando até fim do ano

Análise independente no início do ano recomendou que países de alta renda forneçam mais de 2 bilhões de doses a regiões mais pobres até meados de 2022

Estados Unidos, Reino Unido, países da União Europeia e outros poderiam atender às necessidades internas
Por James Paton
06 de Setembro, 2021 | 10:53 AM

Bloomberg — Enquanto países ricos enfrentam pressão crescente para enviar vacinas contra a Covid-19 a regiões de baixa renda, uma nova análise mostra que essas nações terão cerca de 1,2 bilhão de doses extras disponíveis até o fim do ano.

Estados Unidos, Reino Unido, países da União Europeia e outros poderiam atender às necessidades internas - com a vacinação de cerca de 80% da população com mais de 12 anos e aplicando doses de reforço - e ainda assim dispor de um grande volume de vacinas para redistribuí-las globalmente, segundo a empresa de análise Airfinity.

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Por enquanto, esses governos entregaram uma pequena parte dos suprimentos prometidos a países mais pobres e alguns planejam programas de reforço em uma corrida para combater a variante delta do coronavírus. Especialistas de saúde temem que o ritmo lento de distribuição prolongue a pandemia e aumente o risco de novas cepas mais preocupantes. Alguns também pedem mais transparência nos acordos entre governos e fabricantes.

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“É preciso haver um acerto de contas global urgente”, disse Fatima Hassan, fundadora e diretora da Health Justice Initiative, uma organização sem fins lucrativos na Cidade do Cabo. “Precisamos desviar as doses para quem precisa e abrir todos os contratos.”

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‘Falsa dicotomia’

Uma análise independente da resposta internacional à Covid-19 no início do ano recomendou que países de alta renda forneçam mais de 2 bilhões de doses a regiões mais pobres até meados de 2022. Dos mais de 1 bilhão de doses prometidas por países do Grupo dos Sete e UE, menos de 15% foram entregues, revelou a Airfinity.

O problema é frequentemente visto como a escolha entre campanhas de reforço internas ou realocar doses para outros países, disse Rasmus Bech Hansen, diretor-presidente da Airfinity, em entrevista.

“Nossos dados mostram que é uma falsa dicotomia”, afirmou. “É possível fazer os dois.”

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A produção global de vacinas cresce de forma constante, e uma interrupção parece improvável, disse. A produção pode ultrapassar 12 bilhões de doses até o fim do ano, incluindo vacinas da China, estima a Airfinity. O volume supera os cerca de 11 bilhões de doses necessárias para vacinar o mundo.

Países ocidentais têm cerca de 500 milhões de doses disponíveis para serem redistribuídas atualmente, algumas das quais já foram doadas, e esse número aumentaria para cerca de 2,2 bilhões em meados de 2022, segundo a análise. A vacina da Pfizer e BioNTech responde por cerca de 45% dos suprimentos disponíveis que poderiam ser redistribuídos, enquanto o imunizante da Moderna representa cerca de 25% do total, de acordo com a Airfinity.

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Muitas nações de baixa renda dependem da Covax, uma iniciativa liderada por grupos como a Organização Mundial da Saúde para garantir um acesso igualitário às vacinas, mas o programa ficou aquém das metas. Os planos de doses de reforço contra a Covid deveriam ser adiados até que mais vacinas sejam distribuídas a países onde a oferta é escassa, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O programa de reforço do presidente dos EUA, Joe Biden, enfrenta resistência de autoridades de saúde da reguladora FDA e dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, segundo os quais falta base científica para aplicar doses extras neste momento. Líderes de saúde na União Europeia também disseram que doses de reforço ainda não são necessárias, pois os regimes atuais de imunização contra a Covid permanecem eficazes.

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