Fed abre caminho para mais ganhos de moedas de emergentes

Autoridades na Polônia, Rússia, Peru e Malásia se reúnem esta semana para decidir o rumo da política monetária

Índice de moedas de mercados emergentes MSCI registrou ganhos em nove das últimas 11 sessões
Por Colleen Goko-Petzer - Karl Lester Yap e Selcuk Gokoluk
06 de Setembro, 2021 | 11:31 AM

Bloomberg — Bancos centrais de países em desenvolvimento serão destaque nesta semana, pois os sinais de que o Federal Reserve não terá pressa em aumentar as taxas de juros abrem caminho para mais ganhos de moedas de mercados emergentes.

Autoridades na Polônia, Rússia, Peru e Malásia se reúnem para decidir o rumo da política monetária com a visão de que os juros nos EUA permanecerão baixos por mais tempo, mensagem que o presidente do Fed, Jerome Powell, fez questão de enfatizar em Jackson Hole. E isso significa que qualquer sinal de aperto monetário nos mercados emergentes poderia trazer o carry trade, operações de arbitragem de juros, de volta ao jogo, elevando ainda mais os ganhos, como foi o caso do peso chileno na semana passada.

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Embora o carry trade de mercados emergentes tenha registrado retorno de apenas 0,5% no primeiro semestre, o índice EM Carry da Bloomberg já subiu quase 2% desde o final de julho, e moedas de alto rendimento, mas voláteis, como a lira da Turquia e o rand da África do Sul, lideram o rali. O índice de moedas de mercados emergentes MSCI registrou ganhos em nove das últimas 11 sessões.

Veja mais: Títulos de emergentes de risco avançaram em agosto apesar de sinais do Fed

“As moedas de mercados emergentes podem estar em um ponto ideal”, disse Christopher Shiells, analista da Informa Global Markets em Londres, que aposta no real, no rublo da Rússia e no peso mexicano, que devem mostrar melhor desempenho nos próximos meses.

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Os fracos dados do mercado de trabalho dos EUA na sexta-feira reforçaram as previsões de que o Fed manterá os juros mesmo quando começar a reduzir o estímulo de emergência. Com isso, o custo de tomar empréstimos em dólares para investir em ativos de maior retorno continuaria baixo, estratégia que poderia ser positiva para investidores, dado que o foco do Fed em estimular a recuperação econômica também deve manter o dólar sob controle.

James Barrineau, chefe de dívida de mercados emergentes da Schroder Investment, disse que Powell, pelo menos nesta conjuntura, parece ter conseguido uma redução do estímulo favorável aos mercados emergentes. “A principal coisa que Powell fez foi separar a discussão sobre a redução do estímulo da alta dos juros. E indicou que aumentos das taxas provavelmente estão muito distantes. Isso resultou em um dólar mais fraco, o que é um forte fator positivo para mercados emergentes.”

A dissociação da redução do estímulo do aumento dos juros também deu novo fôlego a moedas dos primeiros países a elevarem as taxas, como Brasil e Rússia, cujo desempenho começa a desacelerar após os fortes ganhos neste ano. O rublo e o real mostram os melhores desempenhos entre mercados emergentes desde o discurso de Powell em Jackson Hole em 27 de agosto, o que deu espaço às autoridades para reagir aos fundamentos econômicos em vez de tentar adivinhar os passos do Fed.

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“Bancos centrais de mercados emergentes já reagiram à inflação mais alta e aumentaram as taxas de juros, criando uma proteção caso o crescimento econômico comece a surpreender no lado negativo no próximo ano”, disse Anders Faergemann, gestor da PineBridge Investments em Londres, que descreveu o discurso de Powell em Jackson Hole como um “divisor de águas”. Com a inflação em muitos países em desenvolvimento perto do pico, “esses países já têm juros reais positivos que tenderiam a apoiar as taxas de câmbio”, disse.

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