ETFs brasileiros de criptomoedas buscam soluções para compensar emissão de carbono

Enquanto a QR Asset Management usa a proposta verde da sua custodiante, a Gemini, Hashdex compra créditos de carbono com um percentual do patrimônio do fundo

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Por Gino Matos para Mercado Bitcoin

São Paulo - Os ETFs brasileiros de criptomoedas estão muito preocupados com as questões ambientais envolvendo o setor. As gestoras Hashdex e QR Asset Management, que lançaram os primeiros fundos negociados em bolsa totalmente focados em Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), encontraram soluções para neutralizar as emissões de carbono.

A questão ambiental envolvendo a mineração de Bitcoin e demais criptomoedas que utilizam o algoritmo de prova de trabalho (PoW, na sigla em inglês) voltou à tona com as falas de Elon Musk em maio deste ano. O bilionário afirmou que a Tesla deixaria de aceitar Bitcoin como meio de pagamento em razão do impacto ambiental causado por sua mineração.

O movimento teve pelo menos três consequências. A primeira é que, no imaginário popular, o Bitcoin se tornou um ativo que gera riqueza em detrimento do meio ambiente. A segunda foi a queda no preço do Bitcoin em maio. E a última foi que as falas de Musk estão agilizando a aplicação de energias renováveis na mineração de criptomoedas.

Nesse cenário, foi reforçada a preocupação das gestoras com a questão ambiental. No caso da QR Asset Management, optou-se pelo serviço Gemini Green para seus ETFs 100% focados em Bitcoin (QBTC11) e Ethereum (QETH11), que combinados têm cerca de R$ 300 milhões em ativos sob gestão. Trata-se de uma solução desenvolvida pela empresa dos gêmeos Winklevoss, cujo objetivo é comprar 100% do carbono emitido na transação dos Bitcoins em custódia da empresa. É importante ressaltar que a Gemini também faz a custódia dos criptoativos da gestora brasileira.

Segundo Fernando Carvalho, CEO da QR Capital, holding da qual a QR Asset Management faz parte, ao escolher a Gemini como contraparte de negociação e custódia dos criptoativos dos seus ETFs, a gestora levou em consideração a política de neutralização de créditos de carbono das transações de criptoativos feitas pela exchange e custodiante, além do padrão de segurança e qualidade. “Nossos dois ETFs atuais, o QBTC11 e o QETH11, são na prática e de fato os primeiros ETFs verdes de Bitcoin e de Ethereum do Brasil. A pauta de ESG é cada vez mais relevante. Por isso, levamos em conta esse critério desde o início da concepção dos produtos”, disse o executivo.

Aquecimento global

No mês passado, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU revelou que a temperatura global pode chegar em 2030 a um patamar de 1,5 ºC superior àquela do período anterior à Revolução in

Do lado do Bitcoin, dados compilados pela Digiconomist mostram que a pegada de carbono anual da mineração de novas criptomoedas soma 71,04 megatoneladas de gás carbônico (CO2). O acumulado anual é um pouco menos do que toda a emissão de CO2 da Colômbia.

Entretanto, para a Hashdex, as preocupações levantadas pelo impacto ambiental causado pela mineração de Bitcoin podem ser positivas no futuro. “Acreditamos genuinamente que os benefícios que o Bitcoin proporciona para a humanidade sejam muito superiores do que este potencial impacto negativo”, disse a Hashdex por meio de uma nota enviada por sua assessoria. “Na realidade, o Bitcoin será um grande impulsionador para a adoção de energia renovável em âmbito global no longo prazo.”

Para compensar a pegada de carbono, o Hashdex Nasdaq Bitcoin ETF, que tem cerca de R$ 60 milhões em ativos sob gestão, compra até 0,15% ao ano do patrimônio líquido médio do fundo em créditos de carbono. “Resolvemos começar já agora esse movimento de mudança, com o lançamento do BITH11, um ETF 100% Bitcoin verde, que busca neutralizar emissões de carbono da mineração do ativo.”