Bancos alertam que não estão prontos para teste climático do BCE

Instituições que ficarem para trás arriscam requisitos de capital mais onerosos, deixando menos para os acionistas

Nos bastidores, o BCE aumenta a pressão para que o setor financeiro faça ajustes
Por Frances Schwartzkopff e Nicholas Comfort
06 de Setembro, 2021 | 01:57 PM

Bloomberg — Um marco para reguladores europeus pode terminar em fracasso: bancos avisam que não terão os dados de clientes necessários antes dos testes de estresse climático no próximo ano, segundo pesquisa com o setor conduzida pela Bloomberg.

O Banco Central Europeu já mostrou preocupação de que as instituições financeiras parecem despreparadas para problemas causados por condições meteorológicas extremas que se tornam mais frequentes e emissões de carbono cada vez mais caras. Nos bastidores, o BCE aumenta a pressão para que o setor financeiro faça ajustes, de acordo com pessoas a par do processo. As apostas são altas, e bancos que ficarem para trás arriscam requisitos de capital mais onerosos, deixando menos para acionistas.

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Uma pesquisa com 20 grandes bancos europeus mostra que há um consenso quase universal de que o setor tem pouca probabilidade de estar pronto em 2022, em grande parte porque muitos dos dados de clientes necessários para conduzir os testes só estarão disponíveis um ano depois. Por esse motivo, bancos estão fazendo lobby para garantir que os resultados não sejam divulgados.

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É o mais recente sinal de que o segmento financeiro enfrenta dificuldades para se adaptar ao ambicioso objetivo da União Europeia de reduzir o capital disponível a empresas que poluem. Para gestores de ativos, o Regulamento para Divulgação de Finanças Sustentáveis tem como objetivo prevenir o greenwashing, termo usado para o marketing exagerado sobre metas ambientais. Para os bancos, um indicador de ativos verdes e testes de estresse climático são ferramentas criadas para garantir que o setor possa permanecer solvente durante a transição.

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Jo Lock, da Fitch Ratings em Londres, diz que tem recebido muitos telefonemas de bancos pedindo ajuda para lidar com as regras relacionadas a riscos ambientais, sociais e de governança, ou ESG na sigla em inglês.

“Os bancos estão sendo bastante pressionados por reguladores sobre o que precisam fazer, o que precisam mostrar, qual é o plano deles”, disse a especialista em entrevista. “Na verdade, ninguém sabe ao certo por onde começar.”

A Fitch diz que o setor deve se preparar para a probabilidade de requisitos de capital adicionais vinculados ao risco climático. “Podemos ver algum tipo de complemento ou colchão ou apenas mais um encargo nominal sobre o capital”, disse Lock.

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É provável que isso atinja acionistas e clientes. Os bancos podem precisar cortar dividendos e impor tarifas mais altas a clientes cujo risco climático leva a requisitos de capital extras. Os custos de financiamento dos bancos também podem aumentar.

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