Merkel não conseguiu eliminar a desigualdade de gênero na política alemã

Além de comandar a Alemanha por 16 anos, Angela Merkel tem lutado para inspirar a próxima geração de mulheres na política

Angela Merkel, Germany's chancellor, speaks during the Christian Democratic Union (CDU) and Christian Social Union (CSU), election campaign launch in Berlin, Germany, on Saturday, Aug. 21, 2021. Germany will elect a new leader after 16 years under Chancellor Angela Merkel on Sept. 26.
Por Carolynn Look
04 de Setembro, 2021 | 08:02 AM

Bloomberg — A piada da vez entre os alemães durante a corrida para as eleições federais deste ano é questionar se os homens têm o que é preciso para ser chanceler, mas a realidade é que as mulheres ainda sofrem para furar a bolha política da maior economia da Europa.

Além de comandar a Alemanha por 16 anos, Angela Merkel tem lutado para inspirar a próxima geração de mulheres na política. E além da divisão tradicional de gênero, as coisas são ainda piores. Na eleição deste ano, apenas uma pessoa não binária - a primeira a ser reconhecida como tal - concorre a um cargo entre mais de seis mil pessoas.

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Embora um número recorde de mulheres esteja em campanha no ciclo eleitoral deste ano, outros milhares de homens disputam cargos públicos, segundo dados publicados esta semana pelo Bundeswahlleiter - a principal autoridade eleitoral alemã - e analisados pela Bloomberg.

As mulheres representam 33% dos 6.211 candidatos da Alemanha este ano, contra 29% na eleição de 2017. Embora seus números sejam relativamente baixos, elas tendem a ter bom desempenho nas urnas. O número de mulheres no parlamento alemão supera o número de candidatas, e essa tem sido a norma há cerca de duas décadas.

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Em termos partidários, Merkel fez barulho em seu bloco conservador, que disputa com os Verdes pelo maior número de candidatas neste ano. Dito isso, Annegret Kramp-Karrenbauer - a protegida de Merkel - recuou após uma série de gafes, e a liderança dos democratas-cristãos agora é dominada por homens.

Há também grandes diferenças geográficas. No estado de Schleswig-Holstein, ao norte, fronteira com a Dinamarca, a proporção de candidatas foi a que mais cresceu sob Merkel e agora é a mais alta do país.

Mas a falta de progresso em estados como a Baviera e o ex-comunista do Leste - de onde Merkel é - destaca como a Alemanha ainda tem um longo caminho a percorrer em termos de diversidade política.

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Merkel, que se prepara para deixar o palco político após as eleições de 26 de setembro, reconhece essas deficiências há anos. Ao final de 2018, ela chamou isso de “uma questão elementar para nossa democracia” e, no mês passado, lamentou a falta de progresso.

“Muitas mulheres na política ainda são submetidas a abusos verbais, ameaças e até ódio escancarado”, afirmou na estreia de um documentário sobre as mulheres na política da Alemanha Ocidental. “Para ser franca: ainda não alcançamos a igualdade real entre mulheres e homens na Alemanha. Ainda há muito pela frente.”

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