Fed poderia adiar normalização monetária após dados de emprego

Autoridades se reúnem em 22 de setembro para avaliar quando começar a reduzir as compras de ativos

Economia dos EUA abriu 235 mil vagas no mês passado, menos de um terço da estimativa
Por Liz McCormick
03 de Setembro, 2021 | 03:17 PM

Bloomberg — A curva de juros dos títulos do Tesouro dos EUA inclinou depois da divulgação do relatório do mercado de trabalho, que mostrou criação de empregos abaixo do esperado em agosto. Os dados levaram operadores a concluir que o Federal Reserve deve adiar a normalização da política monetária.

Após uma queda rápida, os rendimentos dos Treasuries de 10 anos subiram para máximas semanais, enquanto a diferença entre os yields de 5 e 30 anos aumentou. Os números abaixo das estimativas chegam em um momento em que traders veem os dados como fundamentais para orientar as decisões do banco central dos EUA. Autoridades do Fed se reúnem em 22 de setembro para avaliar quando começar a reduzir as compras de ativos e atualizar as previsões trimestrais para orientar o aumento da taxa básica de juros.

Os dados do mercado de trabalho “sugerem que a recuperação será intermitente”, disse Priya Misra, chefe global de estratégia de juros da TD Securities, em entrevista à Bloomberg TV. A TD espera um anúncio de redução do estímulo em dezembro e “não achamos que aumentarão os juros até o final de 2023. É por isso que a curva está se inclinando”.

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A economia dos EUA abriu 235 mil vagas no mês passado, menos de um terço da estimativa média de 733 mil postos de trabalho calculada por economistas em pesquisa da Bloomberg, embora o dado de julho tenha sido revisado para 1,05 milhão, segundo relatório do Departamento do Trabalho na sexta-feira. No entanto, a taxa de desemprego caiu para 5,2%, e os salários subiram em ritmo mais rápido.

Os yields de referência dos títulos de 10 anos aumentaram até 5 pontos-base, para 1,33%, enquanto os Treasuries de vencimentos mais curtos, estreitamente vinculados à política do Fed, subiram menos. A curva de juros, medida pela diferença entre os rendimentos das notas de 5 e 30 anos, se inclinou para até cerca de 117 pontos-base em relação a pouco menos de 113 pontos-base antes da divulgação dos dados. O spread está abaixo da máxima em mais de seis anos, de cerca de 167 pontos-base vista em fevereiro.

No mês passado, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse em discurso virtual durante a conferência anual de Jackson Hole que o banco central poderia começar a reduzir as compras mensais de títulos neste ano, embora não tenha pressa em começar a aumentar as taxas de juros a partir de então.

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Em entrevista à Bloomberg TV, Anastasia Amoroso, estrategista-chefe de investimentos da iCapital Network, disse que o mercado agora espera um anúncio de redução do estímulo apenas em novembro ou até mesmo dezembro.

Outro fator que levou os yields de longo prazo a subirem mais do que os rendimentos das notas com vencimentos mais curtos na sexta-feira foi o fato de que os dados dos salários foram fortes. Os números impulsionaram indicadores do mercado de títulos sobre pressões inflacionárias futuras.

Os salários por hora aumentaram 0,6%, em média, no mês passado, o dobro do previsto, embora possivelmente seja um reflexo da composição do emprego em agosto. As horas semanais médias permaneceram inalteradas em 34,7.

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“Os salários dispararam, o que pode estar contribuindo para a narrativa da inflação”, disse Subadra Rajappa, chefe de estratégia para taxas de juros dos EUA no Société Générale. “E, ao contrário da inflação mais alta devido aos efeitos de base, os salários são um sinal dos riscos de uma inflação mais persistente.”

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