São Paulo — O ano de 2020 e o início de 2021 foram a tempestade perfeita que consolidaram a Evino no mercado de vinhos brasileiro e trouxeram o selo de maior e-commerce da bebida para a América Latina. Agora, no entanto, com a esperança de volta à normalidade à medida que a campanha de vacinação contra a Covid-19 avança pelo país, a marca busca parcerias com supermercados, hotéis e escritórios para levar as vendas da plataforma online, alavancadas pelos lockdowns, também para os encontros presenciais.
- “O vinho começou a sair das celebrações e eventos especiais e ganhar mais espaço nas ocasiões corriqueiras e cotidianas”, diz Ari Gorenstein, coCEO da Evino. “E uma vez que o brasileiro percebeu que poderia estar num happy hour ou no almoço em família, começou a inseri-lo cada vez mais nesse tipo de circunstância.”
- No primeiro trimestre deste ano, o consumo de vinho pelos brasileiros seguiu a tendência do último ano, quando avançou acima da velocidade média mundial, e chegou ao patamar de 2,6 litros per capita, segundo a Organização Internacional de Vinhos (OIV).
- No mesmo período, a companhia registrou receita líquida de R$ 67 milhões, um aumento de 72% ante o mesmo período do ano passado. O Ebtida cresceu 20%, para R$ 13,4 milhões.
- Ainda assim, apesar do aumento considerável no consumo em 2020, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 60% do mercado de bebidas alcoólicas do Brasil ainda é dominado pela cerveja, enquanto aproximadamente 35% fica com as bebidas destiladas, e somente 4% com vinhos.
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POR QUE ISSO É IMPORTANTE? Historicamente considerado um produto de luxo, o vinho ganhou mais espaço nas prateleiras e nas cestas de compras dos brasileiros seguindo a alta da renda per capita do país. Com as mudanças de hábitos forçadas pela pandemia, a visão sobre como e onde consumir a bebida ganhou celeridade e impulsionou a procura.
Uma pesquisa realizada pela eCGlobal Solutions, em 2019, apontou que 26% dos entrevistados bebia vinho em casa ou na casa de amigos, enquanto os quase 75% restantes consumiam em restaurantes com amigos ou família, em encontros românticos, em festas ou em almoços e jantares de negócios. Ou seja, atividades que foram restringidas pela pandemia e que migraram para o ambiente familiar.
“Poderia ter acontecido com qualquer bebida alcoólica, mas o vinho virou o favorito pela versatilidade”, diz Eduardo Souza, coCEO.
Ele conta que, apesar da volta parcial à normalidade a partir do segundo trimestre deste ano, o nível de vendas da empresa permaneceu similar ao período dos lockdowns, feito também impulsionado pela chegada de pontos de venda da marca em grandes escritórios e alguns supermercados do país.
A Evino, fundada em 2013 na cidade de São Paulo, tem 300 colaboradores, uma sede na capital paulista e um galpão no Espírito Santo. A empresa é líder de importação de produtos vindos da Itália e da França no Brasil e figura entre os top 5 de Portugal e Espanha.
Com ticket médio de R$ 40 por garrafa e rótulos de entrada na faixa dos R$ 30, a intenção, dizem os executivos, é levar a marca desde festas universitárias e bloquinhos de Carnaval, com vinhos em lata, até a celebrações especiais, como já é o hábito no país.
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QUAIS OS PLANOS AGORA? Segundo Gorenstein, as parcerias com pontos de venda física são feitas em conjunto com os dados recolhidos na plataforma, que ajudam a selecionar os rótulos que são mais consumidos por região e a colocá-los à mostra em algumas lojas específicas.
“Se estou vendendo para uma loja no interior, eu sei como é o comportamento do cliente naquela localidade. Eu sei o que os clientes estão buscando, que tipo de vinho, o preço, que grau de acidez, de tanino, como se impulsiona a venda de roses e de brancos no verão. Temos todos esses hábitos de consumo mapeados e estamos trazendo essa inteligência para a gestão física da categoria”
Ari Gorenstein, coCEO da Evino
A ideia é usar o novo braço B2B, chamado Evino Empresas e lançado em junho, para alavancar a iniciativa, que deve receber R$ 10 milhões em investimentos até o final do ano e também focar em hotéis e restaurantes.
Para isso, a empresa pretende usar recursos próprios e, segundo os executivos, não pensa, no momento, em uma possível captação de recursos no mercado de capitais, apesar de “nunca estar descartada”. Segundo eles, uma possível entrada nos países vizinhos da América Latina também é uma possibilidade, mas sem planos concretos para o momento.