Bloomberg — A SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) avalia criar regras de divulgação mais rigorosas para fundos de investimento em meio a preocupações de que alguns estejam promovendo uma “etiqueta verde” falsa.
“Muitos fundos hoje em dia se autodenominam ‘verdes’, ‘sustentáveis’, ‘de baixo carbono’ e assim por diante”, disse na quarta-feira o presidente da SEC, Gary Gensler, em texto de um discurso à Comissão dos Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu. “Orientei a equipe para revisar as práticas atuais e considerar recomendações sobre se gestores de fundos devem divulgar os critérios e dados subjacentes usados para se promoverem como tal.”
Os comentários marcam o mais recente alerta ao setor de gestão de ativos para evitar linguagem exagerada sobre alocações ambientais, sociais e de governança, ou ESG na sigla em inglês. Na semana passada, investidores venderam ações da DWS, gestora de ativos do Deutsche Bank, após a informação de que a empresa está sendo investigada pela BaFin, reguladora dos mercados financeiros da Alemanha, e por promotores dos EUA. As investigações seguem alegações da ex-executiva de sustentabilidade da DWS, Desiree Fixler, segundo a qual a gestora teria divulgado informações exageradas sobre seus ativos ESG. A DWS nega qualquer irregularidade.
O ocorrido abalou o setor, que tenta se adaptar a um ambiente regulatório muito mais rígido. Na Europa, o Regulamento para Divulgação de Finanças Sustentáveis, que entrou em vigor em março, é o conjunto de regras mais ambicioso do mundo destinado a combater o chamado greenwashing, ou a prática de divulgar metas verdes sem fundamento, e promete alterar drasticamente a forma como o setor de gestão de investimentos opera.
“As investigações das autoridades dos EUA e da Alemanha sobre as divulgações de sustentabilidade pela DWS Group são um sinal para todas as empresas de que os reguladores estão aumentando o escrutínio das questões ESG”, disse Elliott Stein, analista da Bloomberg Intelligence, em relatório na quarta-feira.
“Mesmo se a investigação sobre a DWS não revelar nenhuma irregularidade - como achamos que pode ser o caso na Europa, pelo menos - a pressão regulatória persistirá.”
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