Bloomberg — Investidores de renda fixa podem em breve começar a se opor aos esforços do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, para desvincular o início da redução das compras de ativos da contagem regressiva para possíveis aumentos dos juros.
Desde que Powell disse na semana passada que o banco central poderia começar a reduzir as compras mensais de títulos este ano, operadores fixaram o início de 2023 como o momento provável para o Fed elevar a taxa de juros, agora perto de zero, e os rendimentos dos Treasuries ficaram praticamente estáveis.
Mas essa calmaria será testada a partir de sexta-feira. O potencial de volatilidade vem do fato de que, quando os membros do Fed se reunirem neste mês, divulgarão novas projeções para a taxa de fundos federais para os próximos anos. E, com o mercado de trabalho como peça fundamental para a política monetária atual do Fed, o relatório sobre empregos em agosto a ser divulgado na sexta-feira é visto como base para essas previsões - conhecidas pelo jargão dot plot, ou gráfico de pontos do Fed -, principalmente porque algumas autoridades já pressionam para que a redução do estímulo seja antecipada.
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O resultado é que se os dados de sexta-feira forem sólidos, isso pode levar investidores a anteciparem apostas de aumento dos juros, independentemente do tom do discurso virtual de Powell na semana passada na conferência do Fed em Jackson Hole. O risco é de que os traders se preparem para uma repetição do mês de junho, quando um sinal de aperto monetário por meio do gráfico de pontos pegou os mercados de surpresa e desencadeou uma reversão abrupta das apostas em uma curva de juros mais inclinada.
Se o relatório do mercado de trabalho for considerado pelo menos aceitável, os presidentes regionais retomarão o discurso de aperto, disse Jim Vogel, analista da FHN Financial. “E você pode ter mais autoridades sinalizando um aumento em 2022. E isso teria que achatar a curva de juros.”
As expectativas de um giro ao aperto monetário elevariam os rendimentos dos títulos de 5 anos do Tesouro dos EUA em particular, reduzindo a diferença com as taxas dos Treasuries de 30 anos, disse Vogel. Esse spread está agora em cerca de 114 pontos-base, abaixo dos cerca de 140 pouco antes da reunião do Fed em meados de junho.
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Powell disse na semana passada que “o momento e o ritmo da próxima redução nas compras de ativos não terão a intenção de transmitir um sinal direto sobre o momento do aumento da taxa de juros, para o qual articulamos um teste diferente e substancialmente mais rigoroso”.
Mas o período anterior à decisão do Fed em 22 de setembro pode criar uma imagem no gráfico de pontos que mais uma vez representará um desafio de comunicação para as autoridades de política monetária, como foi visto várias vezes desde que o Fed introduziu as projeções em 2012.
“Há informações nos pontos, e geralmente são boas informações”, disse Shahid Ladha, chefe da estratégia de juros do Grupo dos 10 para as Américas no BNP Paribas. Faz sentido para o Fed, em relação à redução do estímulo e aumentos dos juros, “tentar separá-los, mas não acho que conseguirão separá-los”.
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