O principal do dia: Exterior ameno joga luz em dados, reforma tributária no Brasil

Breakfast: Bolsas internacionais avançavam no início de setembro, enquanto país olha para resultados econômicos fracos no segundo trimestre

Painel de ações B3
02 de Setembro, 2021 | 08:55 AM

Setembro começou em tom positivo no exterior, com os futuros americanos, as bolsas asiáticas e as europeias esticando as altas da véspera para esta quinta-feira (2), enquanto o mercado local acompanha uma enxurrada de dados macroeconômicos que colocam um alerta sobre o andamento da retomada nos últimos meses do ano. No exterior, os pedidos iniciais de seguro-desemprego e as encomendas à indústria devem ficar no radar.

Ontem, o IBGE mostrou que o PIB brasileiro ficou praticamente estagnado no segundo trimestre, com um desempenho negativo do agronegócio e um avanço mínimo do setor de serviços. Hoje, a produção industrial de julho ganha atenção, com investidores preocupados pela ociosidade da economia que mantém mais de 14 milhões de brasileiros desempregados.

Veja mais: Efeito negativo da agropecuária no PIB deve ser sentido nos próximos meses

O risco de um apagão na energia elétrica também pesa no sentimento, com várias casas de investimentos e bancos do país elevando as previsões para a inflação no final do ano. O Bank of America foi um dos primeiros a revisar a previsão, passando de 7% para 7,75%. Outro destaque do dia é o acordo do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), com deputados da oposição para aprovar o texto base da reforma tributária, que prevê a taxação de dividendos e a redução do Imposto de Renda das empresas. No Senado, a minirreforma trabalhista foi rejeitada.

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  • Futuros americanos em alta, com Dow Jones (+0,16%), S&P 500 (+0,18%) e Nasdaq (+0,22%).
  • Bolsas asiáticas fecharam em alta: Tóquio/Nikkei 225 (+0,33%), Hong Kong/Hang Seng (+0,24%) e Xangai (+0,84%)
  • Por aqui, Ibovespa fechou em alta de 0,52%, a 119.395 pontos, enquanto o dólar fechou em alta de 0,69%, a R$ 5,18.
  • Bitcoin valendo US$ 50.042 (+5,33%) agora pela manhã

Direto de Brasília (e outros lugares)

Em um acordo com a oposição, Arthur Lira (PP-AL) conseguiu por em votação e aprovar a reforma do imposto de renda. Texto-base foi aprovado por 398 votos a 77. IRPJ cai dos atuais 25% para 18% a partir de janeiro (proposta do relator era 12,5%), CSLL cai dos atuais 9% para 8%.

A tributação sobre dividendos, extinta desde 1995, voltará a ser cobrada. A proposta do governo era de descontar 20% do valor do dividendo pago ao acionista. Há emenda para reduzir a alíquota para 15%. Pessoas jurídicas com rendimento até R$ 4,8 milhões estariam isentas. Ainda há 26 destaques do texto a ser votado na Câmara e só então texto segue ao Senado.

Enquanto a tributária passava na Câmara, o governo teve uma derrota importante no Senado, que rejeitou, por 47 votos a 27, a Medida Provisória 1045, que alterava a legislação trabalhista. Na prática, a derrota do governo inviabiliza o programa de primeiro emprego proposto pelo Ministério da Economia, em que beneficiários teriam menos benefícios trabalhistas do que empregados CLT.

Nesta quinta, deve ter continuidade o julgamento do marco temporal de 1988 para demarcação de terras indígenas. Ontem, partes interessadas apresentaram suas sustentações orais. Hoje, ministros devem votar.

Ontem, 703 mortes por Covid-19 foram registradas no país (média móvel de sete dias 643 óbitos, tendência de queda). Desde o ano passado, o coronavírus já matou 581.228 brasileiros.

Manchetes dos jornais

  • Ibovespa fica na lanterna de bolsas emergentes (Valor)
  • Alvo de CPI tinha rotina de dinheiro vivo, galpão vazio e ‘salário para ver Netflix’, dizem ex-funcionários (Folha de S.Paulo)
  • Ex-diretor do Ministério da Saúde teve boletos pagos após assumir contrato de firma do escândalo das vacinas (O Globo)
  • Adesão ao ‘bolsonarismo radical’ cresce nas PMs, diz pesquisa (O Estado de S.Paulo)
  • Flooded Roads and Stranded Travelers; Eight Deaths Reported (New York Times)
  • States of emergency announced in New York City, New Jersey (Wall Street Journal)
  • Supreme Court declines to block Texas ban on abortions after six weeks (Washington Post)

Na Bloomberg Línea

As ações da Eletrobras reagiram bem, na manhã desta quarta-feira (1º), ao avanço do seu processo de privatização. Ontem, a companhia informou que que pagará R$ 23,2 bilhões à União pelas outorgas de 22 usinas hidrelétricas que terão contratos renovados, em mais um passo do processo de privatização da empresa.

Agenda do dia

  • Indicadores Brasil: IPC-Fipe (5h); Produção industrial (9h)
  • Indicadores EUA: Pedidos por seguro-desemprego (9h30); Balança comercial (9h30); Pedidos de bens duráveis (11h); Encomendas à indústria (11h)
  • Jair Bolsonaro: Reuniões com Ciro Nogueira, Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência; com Humberto Fernandes de Moura, Subchefe Adjunto Executivo para Assuntos Jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência; Bruno Bianco, Advogado-Geral da União; cerimônia de Lançamento das Autorizações Ferroviárias - Setembro Ferroviário
  • Paulo Guedes (Economia): Reunião do Conselho de Saúde Suplementar/CONSU; Cerimônia de Lançamento das Autorizações Ferroviárias
  • Roberto Campos Neto (BC): Reunião com o Ministro Chefe da Casa Civil da Presidência da República, Ciro Nogueira, Ministro da Economia, Paulo Guedes, e Jônathas Assunção Salvador Nery de Castro, Secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência.

Para não ficar de fora

A instabilidade no Instagram hoje de manhã já entrou para os assuntos mais comentados no Twitter. Usuários não estão conseguindo carregar o aplicativo. A empresa ainda não explicou o que está acontecendo.

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E esta rifa em Nova Veneza, no interior de Santa Catarina, foi uma das coisas que gerou mais engajamento na internet ontem por causa dos prêmios...

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Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.

Graciliano Rocha

Editor da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela UFMS. Foi correspondente internacional (2012-2015), cobriu Operação Lava Jato e foi um dos vencedores do Prêmio Petrobras de Jornalismo em 2018. É autor do livro "Irmã Dulce, a Santa dos Pobres" (Planeta), que figurou nas principais listas de best-sellers em 2019.