São Paulo — As tensões políticas e fiscais seguem direcionando o humor do mercado doméstico. Nesta quinta-feira (2), o Ibovespa fechou no vermelho e perdeu o patamar dos 117 mil pontos pela segunda vez em menos de um mês - a última havia sido em 18 de agosto.
As preocupações quanto à tramitação das pautas do governo no Congresso e a proximidade das manifestações de 7 de setembro foram os principais drivers do dia, que fizeram os mercados daqui se descolarem do exterior, que tiveram recordes de fechamento mais uma vez nos Estados Unidos.
Lá fora, o principal destaque é a expectativa pela divulgação de dados de emprego norte-americanos medidos pelo Payroll que sairão amanhã (3). O otimismo quanto ao registro, principalmente após os pedidos de seguro-desemprego hoje terem trazido um número abaixo das estimativas, levaram o S&P 500 e o Nasdaq a novos recordes de fechamento.
- O Ibovespa fechou em queda de 2,28%, a 116.677 pontos
- Papéis de bancos foram os maiores pesos negativos do principal índice da B3. Itaú (ITUB4) caiu 3,61% e Bradesco (BBDC4), 3,59%
- O dólar fechou em queda leve de 0,05%, a R$ 5,18, após reduzir as perdas mais próximo do fechamento, com as tensões domésticas.
- Já a curva de juros refletiu ainda mais as incertezas fiscal e as taxas avançaram. A taxa do DI para janeiro próximo subiu 5,5 pontos-base, para 6,860%, enquanto o vencimento para janeiro de 2027 subiu 23 pontos-base, para 10,200%
- Nos EUA, o S&P 500 e o Nasdaq fecharam em novos recordes, com altas de 0,28% e 0,14%, e o Dow Jones avançou 0,37%
Contexto
A grande fonte de preocupação dos investidores neste momento é a tramitação das reformas no Congresso, que transparece a falta de apoio do governo no Parlamento. Após aprovação do texto-base da reforma do Imposto de Renda ontem (1) na Câmara, os deputados aprovaram na tarde de hoje o destaque que reduz a alíquota do IR sobre dividendos de 20% para 15%. O maior receio é quanto à discussão no Senado, onde a chance de aprovação é menor. Já depois do fechamento, houve ainda rumores de que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, teria pedido demissão, mas que foram prontamente desmentidos pelo próprio em entrevistas à imprensa.
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