Bloomberg — Títulos públicos de mercados emergentes de maior rendimento mostraram melhor desempenho em relação a seus pares globais em agosto, desafiando perspectivas de juros mais altos com a disposição do Federal Reserve de reduzir o estímulo monetário.
Títulos de renda fixa emitidos pela África do Sul, Turquia, Indonésia e Índia registraram os maiores ganhos entre 46 mercados soberanos monitorados pela Bloomberg, com retorno de pelo menos 1,2% no mês passado, excluindo variações cambiais. Um índice de dívida pública global perdeu 0,5%, enquanto os Treasuries caíram 0,2%.
A preocupação com uma possível repetição da turbulência de 2013 pode ter sido exagerada, dada a resiliência mostrada por títulos de mercados emergentes de alto rendimento. Na semana passada, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que o banco central dos EUA pode começar a desacelerar as compras de ativos este ano. O Goldman Sachs prevê uma reação mais branda no mercado de títulos dos EUA do que em 2013, pois a mudança da política está sendo bem comunicada.
“Os investidores estão sendo empurrados para títulos públicos de mercados emergentes de maior rendimento”, disse Eugene Leow, estrategista de renda fixa do DBS Group, em Singapura. “Os rendimentos do mercado desenvolvido permaneceram persistentemente baixos, mesmo com a sinalização de Powell” de que a redução do estímulo deve começar ainda este ano.
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Uma possível queda dos casos de Covid-19 nessas regiões pode resultar em mais entradas de recursos para dívidas de mercados emergentes, que ainda parecem ter espaço para ganhos, disse Leow.
O tom de bancos centrais, em geral favorável a taxas de juros mais baixas, também contribuiu para os retornos positivos dos títulos, disse Gabriel Chan, chefe de serviços de investimento para Hong Kong na BNP Paribas Wealth Management. “Isso é particularmente verdadeiro para países com juros mais altos, como África do Sul, Turquia e Indonésia”, disse.
Na reunião de julho, o banco central da África do Sul suavizou sua postura de aperto monetário este ano em meio aos violentos protestos e à terceira onda de Covid-19. Na Turquia, o presidente Recep Tayyip Erdogan voltou a fazer pressão para o corte dos juros no mês passado, enquanto o Banco da Indonésia manteve a taxa básica em mínima histórica.
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