Bloomberg Línea — O risco de um apagão na energia elétrica e as preocupações com o crescimento da economia limitavam as altas da bolsa brasileira nesta quarta-feira (1) e descolavam a performance do real dos pares emergentes. O principal índice da bolsa brasileira ronda a estabilidade, alternando entre leves ganhos e perdas, com as altas das bolsas americanas garantindo algum suspiro para avanços. As fortes quedas dos papéis de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4 e PETR3) puxam para baixo, com o recuo das commodities.
Lá fora, os principais índices americanos e europeus operam em alta. As ações americanas avançam depois de os dados de emprego medidos pelo ADP indicarem uma desaceleração na recuperação do mercado de trabalho aumentaram a especulação de que o Federal Reserve fornecerá estímulo suficiente para impulsionar o crescimento econômico. O registro eleva a expectativa pela divulgação do Payroll na sexta-feira (3).
- O Ibovespa subia 0,22% perto das 10h50, a 119.041 pontos, mas com instabilidade
- Vale (VALE3) caía 2,10%, impactada pelo recuo de 6,7% do minério de ferro no porto de Qingdao
- O dólar descolava dos pares no exterior e subia 0,18%, a R$ 5,158, com investidores elevando os receios com a retomada da economia para o final do ano
- A curva de juros subia em bloco, com maior pressão na ponta longa. O contrato para janeiro de 2025 avançava dez pontos-base para 9,360%.
Destaques da bolsa:
Conta de luz mais cara
Ontem, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, fez um pronunciamento em rede nacional afirmando que a crise hídrica se agravou e que o país está passando pela pior seca dos últimos 91 anos.
- A fala veio após o ministério anunciar uma nova bandeira para as tarifas de energia, chamada escassez hídrica, que irá vigorar até 30 de abril de 2022. A bandeira foi elevada para R$ 14,20 a cada 100 kwh e o aumento na conta de luz será de 6,79%.
- Com isso, Bank of America, Santander e XP Investimentos foram algumas das casas brasileiras a aumentarem as respectivas projeções para inflação em 2021.
Também, o resultado do PIB brasileiro ajudava no tom negativo. A economia brasileira recuou 0,1% no segundo trimestre de 2021, na comparação com o primeiro trimestre, puxada por uma queda de 2,8% do setor agropecuário. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (1) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para Paloma Brum, analista de investimentos da Toro, a queda em relação ao primeiro trimestre do ano mostra que a atividade econômica perdeu o ritmo de recuperação após três trimestres consecutivos de alta.
“Sob a ótica da despesa, a alta na Selic tende a causar contração nos investimentos e no consumo das famílias, enquanto a inflação e a crise hídrica também podem afetar o desempenho da atividade nos próximos trimestres deste ano, pesando negativamente sobre o resultado do PIB nestes períodos”.
Paloma Brum, analista de investimentos da Toro
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