Efeito negativo da agropecuária no PIB deve ser sentido nos próximos meses

Setor produtivo ainda sentirá a queda nos volumes de produção provocada pela estiagem no início da safra e pela sequência de três geadas no final do atual ciclo

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São Paulo — O desempenho negativo da atividade agropecuária no segundo trimestre do ano continuará pressionando para baixo o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ao longo do segundo semestre de 2021. Hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou que o PIB nacional recuou 0,1% no segundo trimestre, em comparação aos primeiros três meses do ano. O principal fator de pressão foram os efeitos negativos dos indicadores agropecuários, que recuou 2,8% na mesma comparação.

“A safra começou com estiagem e terminou com três geadas. Essa situação provocou efeitos negativos sobre a produção de milho, café, algodão, cana-de-açúcar, laranja e da pecuária”, explica Marcos Jank, professor sênior de agronegócio e coordenador do Insper Agro Global.

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Para ele, o menor volume produzido, especialmente nessas culturas, ainda será sentido ao longo dos próximos meses, uma vez que o próximo ciclo produtivo terá início entre o final de setembro e início de outubro.

Limitações metodológicas

Apesar da queda trimestral dos indicadores agropecuários, Jank lembra que a metodologia utilizada pelo IBGE não se refere ao agronegócio como um todo, pois deixa de fora importantes setores da cadeia, como fertilizantes, máquinas, processamento (alimentos e bebidas) e serviços de distribuição. “Além disso, o dado do IBGE espelha apenas o volume do que foi produzido, levando em conta um vetor fixo de preço, ou seja, não considera as variações dos preços agropecuários. Olhar apenas para o volume não é suficiente”, afirma.

Para o professor do Insper, a expectativa é que os preços dos produtos agropecuários, especialmente aqueles voltados para a exportação, se mantenham firmes ao longo do segundo semestre do ano e pelo menos até o início de 2022. “Estamos com estoques baixos no mundo todo e os governos estão menos intervencionistas comparativamente com o que havia há 10 anos. Além disso, a demanda asiática segue firme e deve se manter assim”, afirma Jank.

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