Opinión - Bloomberg

Devo vender quando o mercado oscila? Veja alguns conselhos: Stuart Trow

É possível limitar os prejuízos da variação de mercado e permanecer fiel aos princípios de geração de patrimônio no longo prazo

Lembre-se de que o mercado acionário se baseia longo prazo, portanto não se desespere
Tempo de leitura: 5 minutos

Bloomberg Opinion — Há pouco mais de uma semana, os mercados financeiros pareciam estar à beira do precipício, prestes a ser oprimidos pela propagação insidiosa da variante delta e pela estagnação da recuperação econômica. No entanto, poucos dias depois, o S&P 500 atingiu altas recordes consecutivas.

Esses tremores e incertezas do mercado são desconcertantes para os profissionais do mercado. Mas são particularmente estressantes para os investidores privados, principalmente para aqueles 15% que só começaram a investir no ano passado.

A pergunta para os investidores amadores é: quando as coisas começam a ir mal, você deve arriscar?

Se sua principal prioridade é avançar em suas metas futuras, como aposentadoria, há várias coisas que você pode fazer para limitar os prejuízos da oscilação do mercado ao mesmo tempo em que permanece fiel aos princípios de geração de patrimônio no longo prazo.

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Primeiro conselho

O princípio orientador de qualquer investidor de longo prazo bem-sucedido é o velho ditado “quem espera, sempre alcança”. A impressionante capitalização dos rendimentos de investimentos só é possível se os valores permanecerem investidos. Portanto, tentar prever as altas e baixas do mercado é um erro crasso.

Em termos práticos, isso significa reconhecer que, por mais brutais que tenham sido alguns sell-offs ao longo dos anos, as recuperações tendem a ser rápidas.

O início da pandemia em março de 2020 fez com que o Índice Mundial MSCI caísse mais de 35%. No entanto, em agosto do mesmo ano, esse índice de ações globais atingiu uma alta recorde. Desde então, o índice subiu mais 28%. Vender na baixa do mercado teria sido um erro caro, e hoje seu patrimônio seria a metade da riqueza que teria se tivesse esperado.

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Segundo

É claro que a recuperação nunca está garantida após um crash, o que nos leva ao segundo princípio do investimento: diversificação.

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O valor da bolsa de valores de São Petersburgo foi totalmente aniquilado após a Revolução Russa em 1917. Pouco mais de 70 anos depois, o índice Nikkei 225, do Japão, encerrou os anos 80 com um recorde de 38.957,44 na última sessão da década. Em um ano, o valor havia caído quase pela metade e nunca mais bateu essa marca. Ainda hoje, o valor permanece 29% abaixo desse pico de dezembro de 1989.

Obviamente apostar tudo em apenas um índice é perigoso e arriscado. Se os investidores tivessem equilibrado seu entusiasmo pelas ações japonesas ao monitorar um índice global concomitantemente desde 1989, eles poderiam ter compensado a baixa do Nikkei com um ganho de 450%.

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Terceiro

Porém a diversidade de uma carteira às vezes não é tão clara. Por isso o terceiro princípio é importante: procure por sobreposições ocultas.

Uma seleção de fundos pode parecer ter um risco bem distribuído à primeira vista, mas, na verdade, pode acabar concentrando-o. Muitos dos fundos de ações globais de maior sucesso nos últimos anos serão fortemente expostos ao setor de tecnologia, principalmente aos gigantes do grupo FAANG: Facebook, Apple, Amazon.com, Netflix e Alphabet (dona do Google). Mesmo uma carteira desses fundos causaria uma ampla exposição ao que essencialmente é uma grande aposta única de que as empresas de tecnologia continuarão se valorizando.

Contudo, é possível evitar isso ao avaliar as maiores participações de um fundo. Atualmente, a maioria das plataformas de corretagem online permite que você faça um raio-X de seu portfólio, dividindo-o por localização, setor e classe de ativos, revelando as sobreposições de suas opções de fundos.

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Uma sobreposição que pegou muitos investidores do Reino Unido desprevenidos durante a pandemia afetou aqueles que buscavam renda. Há apenas algumas empresas blue chip no índice FTSE 100 com um longo histórico de pagamento de grandes dividendos. Uma diversificação de fundos de renda variável do Reino Unido inevitavelmente duplicará esse número. Quando a pandemia causou cortes nos dividendos, todos os fundos de renda variável caíram fortemente e não ofereceram nenhum benefício de diversificação.

Quarto

A quarta dica é reequilibrar sua carteira após grandes variações.

Por exemplo, se você acumulou uma grande exposição ao setor de tecnologia graças ao seu forte desempenho no mercado, vale a pena reservar um pouco de seus ganhos para evitar que a carteira fique superconcentrada. Nem todos concordam necessariamente com isso, e se você optar por ignorar esse conselho, é necessário observar sua carteira com muito cuidado.

O recente colapso das valuations no setor de tecnologia da China deve servir como alerta. Em fevereiro, o índice Hang Seng Tech estava em alta, batendo recordes regularmente. Contudo, desde então, a mudança no cenário regulatório causou uma queda de quase 45% no índice. Embora provavelmente essas condições não sejam replicadas com precisão para as gigantes da tecnologia dos EUA, o alerta de que o jogo vai virar em algum momento ainda existe, mesmo para as maiores empresas.

Vale lembrar que o preço das ações da Amazon caiu 95% em 2000-2001, e muitas empresas familiares sofreram quedas de 100%. Portanto, ao reequilibrar sua carteira, você pode perder alguns ganhos no curto prazo, mas você ficará mais tranquilo sabendo que o risco de sua aposentadoria está distribuído de maneira mais uniforme.

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Conselho final

Minha sugestão final se refere ao Santo Graal da diversificação: encontre classes de ativos que não estejam correlacionadas com o mainstream, mas sejam voláteis o suficiente para ter potenciais rendimentos sólidos.

As criptomoedas se encaixam nessa categoria. Mesmo se estiver cético quanto a seu valor inerente, uma pequena exposição de 1% fará pouca diferença em sua carteira se o valor chegar a zero. Ainda assim, o retorno pode ser considerável se continuarem valorizando.

Prejuízos nunca são agradáveis, mas se você administrar seus riscos, terá a melhor probabilidade de enfrentar baixas inevitáveis com sucesso e alcançar seus objetivos financeiros. Tudo o que você precisa fazer é decidir como vai gastar esse dinheiro.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

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