Crise hídrica deve dificultar navegação em rota de grãos em setembro

Operadora Hidrovias do Brasil corre risco de parada plena da navegação em setembro devido ao baixo calado em trecho do Rio Paraguai; ações de companhias do setor hidroviário acumulam perdas na B3

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São Paulo — A Hidrovias do Brasil, operadora de logística com foco no transporte hidroviário, alertou, nesta quarta-feira (1º), que a situação de um dos rios onde opera na região fronteiriça de Corumbá (MS) segue atípica, com nível de calado abaixo das médias históricas. A empresa acredita que a navegação continuará de forma restritiva durante setembro.

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“A companhia segue tomando todas as medidas possíveis para operar pontualmente ao longo deste mês, no intuito de evitar uma parada plena da operação na região mais crítica do Corredor Sul”, informou a Hidrovias do Brasil, em comunicado ao mercado.

O Corredor Sul é uma importante rota de escoamento da grãos (soja e milho), fertilizantes, celulose e minério de ferro na região fronteiriça de Mato Grosso do Sul pelas águas do Rio Paraguai.

A empresa diz que, em agosto, conseguiu operar sem interrupção no Corredor Sul, mas ressalvou que isso ocorreu “em meio a cenário de grandes restrições operacionais”.

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“A companhia foi capaz de manter sua operação por meio do plano ‘Águas Baixas’, direcionando os ativos que navegam em calado mais baixo para as regiões mais críticas e, com isso, encerrou o mês de agosto com 80% de market share na região de Corumbá, versus 68% em junho”, disse a Hidrovias do Brasil.

Desde junho, a companhia considera que essa bacia hidrográfica apresenta um “evento fora da curva”, com baixo calado devido à falta de chuvas na região.

A empresa diz ter conseguido realizar a navegação em condições restritas graças a empurradores diferenciados

O trecho do Rio Paraguai com calado mais crítico é entre o terminal portuário de Gregório Curvo (MS) e Vallemí (cidade paraguaia do departamento de Concepción), totalizando cerca de 470 km de percurso.

São Paulo

A crise hídrica também atinge a navegação em São Paulo, estado mais rico do Brasil. No começo da semana, a Fundação Seade, ligada ao governo paulista, fez a seguinte advertência ao divulgar projeções para o PIB estadual:

“De acordo com analistas do setor elétrico, a não ser que as chuvas cheguem em volume bem maior do que o esperado, a crise hídrica e os riscos de apagões estão colocados como desafios para o ano de 2022. A indústria paulista pode sofrer impacto negativo caso se intensifique o risco hídrico. A hidrovia Tietê-Paraná já está sendo afetada com medidas de desvio de recursos hídricos para geração de energia, o que influencia a logística do agronegócio no Estado de São Paulo”.

Ações do setor

A ação da Hidrovias do Brasil (HBSA3) fechou, ontem, cotada a R$ 4,44, acumulando desvalorização de 19,71% em 30 dias e de 40,16% em 12 meses. Analistas de mercado colocam o papel entre pares do setor de infraestrutura de transporte, como Santos Brasil (STPB), CCR (CCRO3) e Rumo (RAIL3), que ampliaram os descontos de seus papéis no mês.

RAIL3 encerrou, ontem, cotada a R$ 18,72, acumulando perda de 9,39% em 30 dias e de 17,16% em 12 meses. Já CCRO3 fechou agosto a R$ 12,25, com desvalorização acumulada de 5,76% em 30 dias e de 6,06% em 12 meses. STBP3 terminou o mês vendida a R$ 7,87, com queda acumulada de 13,13% em 30 dias, mas valorizou 51,34% em 12 meses.

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