Bloomberg — Um dos maiores críticos da conduta do banco central dos EUA em 2013, que levou a uma reação nos mercados financeiros globais conhecida como “taper tantrum”, agora teme que o Federal Reserve fique atrás na curva durante a retirada gradual do estímulo monetário da era Covid.
“O Fed pensa que tem tempo” para realizar o processo de aperto lentamente, em particular diante de forças desinflacionárias de longo prazo, como o envelhecimento populacional, a automação e a globalização, disse Raghuram Rajan, em entrevista a Kathleen Hays e Haidi Stroud-Watts, da Bloomberg Television, nesta terça-feira (31).
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Mas, em comparação com as consequências da crise financeira global, “há uma grande diferença no pós-pandemia, que é a enorme quantidade de gastos fiscais”, disse o professor de economia da Universidade de Chicago, que já comandou o banco central da Índia.
“Minha preocupação é que, se não levarem totalmente em conta essas novas forças, eles podem ficar atrás da curva”, disse Rajan. “E como se sabe, isso pode exigir um aperto maior no futuro.”
O mandato de Rajan à frente do BC indiano de 2013 a 2016 coincidiu com a tumultuada retirada da acomodação monetária pelo Fed, que foi especialmente impactante para os mercados emergentes porque a volatilidade cambial disparou e os investidores estrangeiros bateram em retirada.
Desta vez, o presidente do Fed, Jerome Powell, continua a enfatizar um ritmo gradual de redução, mas os mercados emergentes ainda temem “uma mudança abrupta de postura”, embora tenham “muito menos espaço para esperar e observar” do que o BC americano porque têm menos credibilidade e menos espaço para alterar as políticas públicas, explicou ele.
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Para Rajan, um grande perigo para a economia global é que o Fed conduza o aperto muito lentamente e tenha de compensar isso com um ritmo mais desestabilizador adiante. A opinião dele está alinhada à de outros economistas de renome mundial, como o ex-secretário do Tesouro americano Larry Summers.
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