Bloomberg — O China Evergrande Group disse que corre o risco de não honrar suas dívidas se não conseguir levantar caixa ao escoar ativos, vender imóveis e atrair novos investidores.
“O grupo corre riscos de inadimplência nos empréstimos e de casos de litígio fora de seu curso normal de negócios”, disse a empresa com sede em Shenzhen em um relatório de lucros divulgado nesta terça-feira (31).
O lucro líquido da empresa caiu 29%, chegando a 10,5 bilhões de yuans (US$ 1,6 bilhão) no semestre encerrado em 30 de junho em relação ao ano anterior, em linha com um alerta de lucro divulgado na semana passada.
Para o fundador bilionário Hui Ka Yan, o resultado ressalta o desafio de reduzir a dívida do grupo enquanto sustenta a lucratividade, já que recorre à venda de ativos e descontos nos preços para levantar caixa. Os títulos e ações da Evergrande despencaram neste ano, com a confiança dos investidores na capacidade de pagamento de empréstimos beirando mínimas recordes.
A Evergrande afirmou que algumas contas a pagar da área de incorporação imobiliária estavam atrasadas, levando à suspensão das obras em alguns projetos. A empresa acrescentou que está negociando com fornecedores e empreiteiros para reiniciar os projetos.
“O grupo fará o possível para continuar suas operações e se esforçará para entregar os imóveis aos clientes conforme programado”, disse.
Os títulos em dólares da Evergrande caíram após o relatório. Um título de 8,75% com vencimento em 2025 estava prestes a bater um novo recorde de baixa com a queda de 1,1 centavo por dólar, totalizando 35,1 centavos, segundo dados compilados pela Bloomberg. As ações da Evergrande fecharam em queda de 0,7%, acumulando um recuo de 71% neste ano.
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A investidora Chan Hoi Wan vendeu as ações da Evergrande por HK$ 28,3 milhões (US$ 3,6 milhões), revelou um documento da bolsa de valores de Hong Kong na terça-feira, causando mais um impacto. Chan, CEO da Chinese Estates Holdings Ltd. e esposa do magnata do setor imobiliário, Joseph Lau, está entre um grupo de investidores que apoiou o conglomerado. A Chinese Estates teve prejuízo no primeiro semestre devido à queda na receita da empresa.
A queda nos lucros da Evergrande já persiste há dois anos. A empresa tomou a rara decisão de não realizar uma coletiva de imprensa sobre os últimos resultados.
Os investidores buscam pistas sobre o progresso rumo à melhora da saúde financeira em meio a controvérsias com fornecedores e advertências do governo para que pague suas dívidas. A crise da gigante do setor imobiliário pode afetar a economia da China, gerando questionamentos sobre a possibilidade de apoio do governo.
Os resultados confirmaram que a Evergrande ainda precisa cumprir duas das chamadas três linhas vermelhas da China – parâmetros impostos a incorporadoras como parte de sua repressão à alavancagem no setor. A empresa prometeu atender a todos os parâmetros até dezembro de 2022.
Uma medida – a proporção de caixa para empréstimos de curto prazo, indicador de liquidez – piorou no período, passando de 47%, no final do ano passado, para 36%, à medida que seu caixa e suas disponibilidades despencaram para o menor índice em seis anos, segundo cálculos da Bloomberg com base nos resultados da empresa.
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Já os passivos da Evergrande subiram 1%, chegando a 1,97 trilhão de yuans no semestre, ao passo que os empréstimos caíram.
A dívida encolheu, chegando a 572 bilhões de yuans – menor valor em cinco anos – segundo cálculos da Bloomberg com base nos resultados. Esse valor representa uma queda de 20% dos 717 bilhões de yuans no fim do ano passado e um recuo de 15% dos 674 bilhões de yuans em março deste ano. Em março, a empresa disse que planejava reduzir os empréstimos a 350 bilhões de yuans ou menos até junho de 2023.
A receita reconhecida de projetos entregues caiu 17%, chegando a 222 bilhões de yuans – menor valor para o mesmo período dos últimos quatro anos. A margem bruta caiu quase pela metade, chegando a 12,9% em relação aos seis meses anteriores – menor índice desde pelo menos 2008.
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