Alibaba demite dez funcionários por vazamento de acusações de assédio sexual

O Alibaba anunciou internamente a demissão do grupo por compartilhar abertamente um relato angustiante postado em um fórum interno da empresa

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Bloomberg — O Alibaba Group Holding Ltd. demitiu dez funcionários após o vazamento do relato de uma funcionária sobre alegações de agressão sexual cometidos por um ex-gerente, afirmam fontes com conhecimento do assunto, enquanto o gigante do comércio eletrônico se desdobra para resolver um caso que abalou o setor de tecnologia da China.

Na última semana, o Alibaba anunciou internamente a demissão do grupo por compartilhar abertamente um relato angustiante postado em um fórum interno da empresa por uma colega de sobrenome Zhou, acusando um ex-gerente de abuso sexual. As ofensas incluem compartilhar capturas de tela da postagem da mulher em domínio público, removendo marcas d’água que continham suas identidades, segundo as fontes, pedindo para não serem identificadas ao discutir um assunto interno. Outras três pessoas foram repreendidas por comentários inadequados em fóruns públicos, acrescentaram.

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O relato de Zhou viralizou este mês e transformou a segunda maior empresa da China no maior símbolo de abusos considerados predominantes em empresas de tecnologia chinesas, o subproduto de um ambiente que muitas vezes prioriza a execução em detrimento da cultura. O Alibaba demitiu o gerente acusado e aceitou o pedido de demissão de dois executivos seniores após o caso ter gerado debate sobre sexismo nos círculos corporativos.

O CEO Daniel Zhang reconheceu que a forma como sua empresa lidou com a denúncia foi uma “humilhação”. O relato de Zhou que afirma ter sido forçada a beber excessivamente e ser assediada durante e depois de um jantar com clientes despertou simpatia geral, inclusive internamente.

Mas o Alibaba não teve escolha a não ser demitir os dez funcionários em questão, pois violaram políticas muito rígidas contra a exposição de conteúdo veiculado em fóruns de funcionários, segundo as fontes. A plataforma interna - que está aberta aos 250 mil funcionários do Alibaba, bem como a muitos da gigante da fintech Ant Group Co. - é considerada proibida e a empresa já demitiu outras pessoas por vazamento de informações no passado, acrescentaram.

Representantes do Alibaba não responderam imediatamente a um pedido de comentário.

O incidente do Alibaba neste mês destacou críticas de que mulheres chinesas são negligenciadas, objetificadas ou forçadas a participar de rituais masculinos, como beber com clientes, sob o risco de perderem oportunidades se denunciarem abusos. Isso coincide com o intenso escrutínio do governo sobre questões que vão desde exploração até comportamento monopolista e abuso de trabalhadores de baixa renda.

Zhou postou seu relato internamente depois de alegar não ter feito nenhum progresso em duas semanas de reclamação direta aos supervisores e departamento de recursos humanos, culminando em um protesto na hora do jantar em um dos refeitórios da equipe do Alibaba.

A empresa lançou uma investigação interna depois que o caso foi relatado em um vídeo visto milhões de vezes online. Posteriormente, o Alibaba repreendeu publicamente seu chefe de recursos humanos, abriu uma linha direta para reclamações de assédio sexual e criou um comitê de alto nível para resolver casos futuros como esse.

O Alibaba decidiu demitir os 10 trabalhadores após concluir uma investigação interna nas últimas semanas, afirmaram outras fontes a par do assunto. Os resultados finais dessa investigação não foram anunciados ao público, acrescentaram.

Autoridades chinesas efetuaram a primeira prisão no caso na semana passada, um ex-funcionário do Jinan Hualian Supermarket de sobrenome Zhang, que estava no jantar com Zhou. Seu antigo gerente, de sobrenome Wang, continua sob investigação da polícia por suspeita de “indecência forçada” - acusação que pode incluir agressão sexual.

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