O que pode limitar o PIB do estado mais rico do Brasil? Seade responde

Fundação vinculada à Secretaria de Governo de São Paulo divulgou projeções citando inflação, crise hídrica, desemprego, cenário político e escassez de insumos como riscos para a retomada

Indústria paulista, representada pela Fiesp, ainda enfrenta incertezas sobre o ritmo de crescimento devido à escassez de insumos e ao consumo contido pela inflação e desemprego
30 de Agosto, 2021 | 07:44 PM

São Paulo — A Fundação Seade divulgou, nesta segunda-feira (30), projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano e para 2022 de São Paulo, estado mais populoso e rico do Brasil, com alertas sobre o impacto negativo da crise hídrica, da inflação, do desemprego, do apagão de insumos para a indústria e do ambiente político instável.

A expectativa é que a economia paulista tenha, no ano que vem, crescimento médio de 2%, com projeções entre 1,8% (mínima) e 2,2% (máxima). A fundação manteve suas previsões para 2021 (mínima de 6,5%, média de 7,2% e máxima de 7,5%). Para o PIB brasileiro, as projeções para 2021 indicam mínima de 4,3%, máxima de 5,6% e média de 4,9%.

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O PIB paulista registrou crescimento de 0,5% no segundo trimestre, já descontados os efeitos sazonais, na comparação com o primeiro trimestre. Em relação ao mesmo período de 2020, houve aumento de 15,2%, com destaque para a expansão de 20% da indústria e 13,3% do setor de serviços. Na série anualizada, o crescimento em 12 meses foi de 6,9%, com taxas positivas de 9% para a indústria e 6,7% para os serviços.

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Já o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulga, na quarta-feira (1º), às 9h, os dados do PIB nacional no segundo trimestre.

Fatores que poderão impactar a economia paulista até 2022

Desemprego

  • O desemprego deve continuar elevado, com tendência decrescente, mas se mantendo em dois dígitos por vários meses durante 2022. Fatores estruturais, segundo o FMI e o Banco Mundial, se acentuaram na pandemia com a introdução de novas tecnologias e formas de organização do trabalho, dificultando a reinserção de um contingente considerável de desempregados. Com a retirada das restrições, parte expressiva desse contingente deve inflar a procura por emprego no Estado de São Paulo em 2022, mantendo pressionada a taxa de desemprego”.

Eleições gerais

  • “O ambiente político instável que tenderá a se acirrar em 2022, gerando incertezas e pressões adicionais nos agentes econômicos, a deterioração fiscal no âmbito federal e as dificuldades na aprovação de reformas, especialmente a tributária, constituem fatores que afastam o fluxo de investimento externo no país, já um dos menores dos últimos anos. Neste contexto, a economia paulista pode perder investimentos em setores estratégicos”

Crise hídrica

  • “De acordo com analistas do setor elétrico, a não ser que as chuvas cheguem em volume bem maior do que o esperado, a crise hídrica e os riscos de apagões estão colocados como desafios para o ano de 2022. A indústria paulista pode sofrer impacto negativo caso se intensifique o risco hídrico. A hidrovia Tietê-Paraná já está sendo afetada com medidas de desvio de recursos hídricos para geração de energia, o que influencia a logística do agronegócio no Estado de São Paulo”

Apagão dos insumos

  • “Como ponto de maior atenção, persistem as dúvidas sobre o ritmo de crescimento da indústria no segundo semestre, As incertezas decorrem da falta de insumos em cadeias produtivas estratégicas no Estado, como no setor automotivo, da perda de dinamismo da indústria metalmecânica e do desempenho da indústria de alimentos, com queda de 10,7% na produção no acumulado até junho, especialmente devido aos efeitos negativos do clima (estiagem no ciclo produtivo em 2021 e geadas em junho e julho) sobre a lavoura de cana-de-açúcar”

Inflação

  • “Outro fator de tensão é a persistência do processo inflacionário, com projeção de fechamento do IPCA em torno de 7%. Isso faz a política monetária se movimentar com elevações mais pronunciadas da Selic, com projeções para o final do ano em 7,5% ao ano. Esses fatores podem inibir o desempenho do comércio no Estado ao reduzir o poder de compra da população e interromper decisões de investimentos das empresas aqui instaladas

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.