Wall Street prepara retomada das negociações com a China

Grupo idealizado durante o período de escalada das tensões comerciais em 2018 prepara uma nova rodada de reuniões antes do final do ano

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Bloomberg — Um grupo de veteranos de Wall Street e representantes do alto escalão do governo chinês pretendem retomar negociações. Os líderes do setor privado atuam separadamente do governo Joe Biden para ganhar maior acesso ao país mais populoso do mundo.

O influente grupo idealizado durante o período de escalada das tensões entre os EUA e a China em 2018 prepara uma nova rodada de reuniões antes do final do ano, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto. As conversas, com a participação de emissários do setor financeiro dos EUA e reguladores chineses, tinham ficado em segundo plano diante da pandemia de Covid-19.

Os EUA e a China se veem diante de demorados impasses em questões como acesso aos mercados, segurança de dados e listagem de ações. As últimas medidas da China de repressão às empresas do próprio país causaram perdas a investidores internacionais e ainda mais dúvidas entre os empresários e financistas dos EUA, que tentam entender os movimentos de Pequim.

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John Thornton, presidente da Barrick Gold que já trabalhou no Goldman Sachs Group, é um dos conselheiros do grupo, chamado informalmente de Mesa Redonda Financeira China-EUA. O grupo foi formado com o apoio de integrantes do governo chinês e teve o ex-presidente do banco central Zhou Xiaochuan como um dos líderes.

Thornton está em Pequim em reunião com autoridades chinesas, incluindo o vice-premiê, Liu He, e o vice-presidente da Comissão de Valores Mobiliários, Fang Xinghai, informaram duas pessoas que pediram anonimato porque não têm autorização para discutir o assunto publicamente. A CVM chinesa não respondeu a um pedido de comentário da reportagem, enquanto o Ministério das Relações Exteriores direcionou as perguntas para outras agências.

Casa Branca

Reuniões anteriores contaram com a participação de pesos-pesados do setor financeiro americano, como Blackstone, Goldman Sachs, JPMorgan Chase e Morgan Stanley. O último encontro da delegação foi em outubro. Na época, foi decidido tentar mitigar o risco político que ameaçava o acesso dessas instituições ao maior mercado do mundo fora dos EUA.

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Quando essas conversas foram propostas, em 2018, Peter Navarro, que era o principal conselheiro comercial da Casa Branca, criticou a iniciativa e disse para Wall Street “sair das negociações”, acusando o grupo de pressionar o então presidente Donald Trump a encerrar a guerra comercial com a China. A pandemia impediu um encontro presencial, mas a mesa redonda foi realizada online em outubro e deve se repetir desta forma este ano.

As tensões com os EUA continuam altas. Na terça-feira, Gary Gensler, presidente da CVM americana (conhecida pela sigla em inglês SEC), avisou centenas de empresas chinesas que captaram recursos nos mercados dos EUA que elas correm risco de serem retiradas das bolsas caso não se submetam a investigações mais aprofundadas. Gensler prometeu cumprir rigorosamente o prazo de três anos dado para as empresas chinesas permitirem inspeções de suas auditorias financeiras, o que foi um mandato do Congresso.

Apesar da situação, a China vem abrindo seus mercados financeiros a gigantes de Wall Street, como Goldman Sachs e BlackRock, contando com essas instituições para trazer capital novo e incentivar a competitividade nos segmentos de banco de investimento e fundos mútuos.

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