Bloomberg — As geradoras de eletricidade do mundo inteiro estão poluindo mais do que antes da pandemia, colocando em risco as metas de zero emissões líquidas.
As emissões do setor elétrico voltaram a aumentar no primeiro semestre e agora estão 5% maiores do que no mesmo período de 2019, antes da pandemia de Covid-19, segundo relatório da firma de pesquisas Ember, de Londres. Isso ocorre porque as empresas elétricas estão usando mais carvão para atender à demanda de eletricidade, que também avançou 5%.
O carvão está ganhando espaço em um momento em que os países defendem a ampliação da energia limpa para cumprir ambiciosos compromissos de redução das emissões de carbono. A transição elétrica terá mais peso na definição do aumento da temperatura global do que qualquer outro setor nesta década, de acordo com o relatório. Projetos eólicos e solares supriram a maior parte do acréscimo da demanda global no primeiro semestre, mas não o suficiente para eliminar a necessidade adicional de carvão, especialmente na Ásia.
Veja mais: BHP recorre a caminhonetes elétricas para ajudar no combate a emissões de mineração
“O salto nas emissões em 2021 deveria alarmar o mundo todo”, afirmou Dave Jones, líder global da Ember, em comunicado. “Não estamos nos reerguendo de forma melhor, estamos nos reerguendo mal.”
EUA, Japão, Coreia do Sul e União Europeia reduziram as emissões do setor elétrico em comparação com os níveis pré-pandêmicos, principalmente devido à contenção do crescimento na demanda de eletricidade.
O relatório foi divulgado um mês depois de a Agência Internacional de Energia prever que as emissões de carbono do setor aumentarão 3,5% neste ano e 2,5% no próximo ano, batendo recorde. No entanto, para atingir as metas climáticas de zero emissões líquidas, essas emissões precisam diminuir 4,4% ao ano, segundo a agência.
“O aumento nas emissões de CO2 agora é uma grande bandeira vermelha para alertar que o mundo está no caminho errado”, afirmou o relatório da Ember, divulgado em 25 de agosto.
Nenhum país teve maior demanda de eletricidade e emissões significativamente mais baixas na geração de energia, acrescentou a firma de pesquisas.
Veja mais: Maersk aposta US$ 1,4 bi em navios de combustível verde
Pela primeira vez, projetos eólicos e solares geraram mais de 10% da eletricidade mundial, ultrapassando a energia nuclear. Globalmente, a energia renovável atendeu 57% do aumento da demanda por eletricidade no primeiro semestre, enquanto o carvão cobriu o resto.
Somente o crescimento do uso do carvão pela China foi maior do que toda a geração da União Europeia a partir dessa fonte poluente no primeiro semestre. Assim, a participação da China na geração global a carvão se ampliou de 50% há dois anos para 53%. A nação mais populosa do mundo promete ser neutra em carbono até 2060.
A Ásia dominou o crescimento da demanda de eletricidade, puxado por Mongólia, China e Bangladesh. Esses três países juntamente com Vietnã, Cazaquistão, Paquistão e Índia supriram esse aumento queimando mais carvão.
A Ember analisou dados de 63 países responsáveis por 87% da produção mundial de eletricidade.
Veja mais em bloomberg.com
Leia também
Petrobras paga hoje R$ 21 bi de 1ª parcela de dividendos sob a gestão Luna
Metais se aproximam de patamares recordes com menor receio por variante delta
Wall Street prepara retomada das negociações com a China
©2021 Bloomberg L.P.