Bloomberg — Os preços ao consumidor do Brasil subiram mais do que o esperado na divulgação desta quarta-feira (25), enquanto o Banco Central prepara seu quinto aumento consecutivo da taxa de juros como esforço para controlar a inflação acima da meta.
O IPCA-15 registrou alta de 0,89% em meados de agosto em relação ao mês anterior, mais do que todas as estimativas da pesquisa Bloomberg, que tinha previsão mediana de 0,83%. Foi o maior valor para a prévia de agosto desde 2002, informou o IBGE na quarta-feira. A inflação anual acelerou para 9,30%.
O BC elevou a taxa Selic em 325 pontos-base neste ano, e sinalizou seguirá puxando o juro básico para cima em setembro. Os preços ao consumidor foram impulsionados pelos custos das commodities, pelo aumento das contas de eletricidade e pela reabertura da economia. As recentes tensões políticas também estão ajudando a manter as projeções de inflação para 2022 acima da meta.
O que diz a Bloomberg Economics:
Com a inflação principal chegando a dois dígitos e a inflação subjacente aumentando, o Copom continua sob pressão para acelerar sua mudança para uma política restritiva. Por enquanto projetamos que o BC fará o aumento de 100 pontos-base conforme prometido em seu último comunicado, mas outra surpresa positiva na inflação de agosto ou uma proposta orçamentária pouco convincente para 2022 pode levar a autoridade monetária a elevar a Selic ainda mais e aumentar o tom de sua comunicação.
Adriana Dupita, economista para América Latina
- As taxas de juros do contrato com vencimento em janeiro de 2023, que indicam as expectativas dos investidores em relação à política monetária, subiram 13 pontos base, chegando a 8,55% pela manhã. Foi o contrato mais negociado em São Paulo no início do dia.
Preço da eletricidade
Os custos de habitação mais elevados, devido a um aumento de 5% na energia elétrica, foram o principal impulsionador da inflação do mês, aumentando 1,97% em relação a meados de julho. O preço regulado da energia no Brasil está no nível mais alto desde julho devido à seca mais severa em décadas.
O preço dos transportes aumentou 1,11% devido ao aumento dos preços dos combustíveis e do gás, ao passo que o preço dos alimentos aumentou 1,02%. Por outro lado, as passagens aéreas, que haviam subido mais de 35% no mês anterior, diminuíram 10,9%.
Analistas consultados pelo Banco Central elevaram suas projeções de inflação para 2021 e 2022 por cinco semanas consecutivas no Relatório Focus. O BC estabeleceu a meta de inflação anual em 3,75% e 3,5% para este ano e o próximo, respectivamente.
O presidente Jair Bolsonaro está cada vez mais desconfortável quanto à inflação no país na corrida para as eleições de 2022, mas suas reclamações sobre o aumento dos preços não significam que ele planeja interferir no banco central, segundo cinco pessoas próximas a ele, incluindo membros do gabinete.
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