São Paulo — Enquanto os índices acionários norte-americanos conseguiram firmar alta na tarde desta quarta-feira (25), com investidores reunindo expectativas pelo simpósio de Jackson Hole que começa amanhã (26), o mercado brasileiro não conseguiu acompanhar. Mais uma vez, as questões domésticas tiveram um peso mais forte e puxam o principal índice da B3 para o vermelho; e o dólar permanece rondando a estabilidade desde a abertura.
- Perto das 14h50, o Ibovespa caía 0,27%, a 119.887 pontos
- Banco Inter (BIDI11), B2W (AMER3) e Carrefour Brasil (CRFB3)eram os maiores pesos negativos; na ponta oposta, lideravam Suzano (SUZB3), Embraer (EMBR3) e Klabin (KLBN11)
- O dólar caía 0,10%, a R$ 5,24; a curva de juros opera em direções mistas. O DI para janeiro de 2022 subia 3,5 pontos-base, para 6,730%, enquanto o vencimento para 2027 recuava 10 pontos-base, para 9,900%
- No exterior, as bolsas americanas, que abriram com pouca força - enquanto investidores operam em compasso de espera pelo discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em Jackson Hole - conseguiram firmar alta. O S&P 500 subia 0,27%, se aproximando de um novo fechamento recorde. O Dow Jones subia 0,23% e o Nasdaq, 0,13%
Na manhã de hoje (25), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou uma alta mensal de 0,89% em agosto para o IPCA-15, a maior para o mês desde 2002, puxada pelos preços da energia elétrica, acima das expectativas compiladas pela Bloomberg, de 0,83% no mês. Em 12 meses, a alta foi de 9,3%.
Para André Perfeito, economista da Necton Corretora, os números reforçam a perspectiva de que o Banco Central “muito provavelmente” terá que subir a taxa básica de juros (Selic) em 125 pontos-base na reunião de setembro. A próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central está agendada para os dias 21 e 22 de setembro.
Mais cedo, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico fez um alerta sobre a relevante piora nas condições de suprimento e ampliação do risco de novo aumento das tarifas de energia - o que também piora as expectativas de inflação.
À tarde, o ministro da Economia Paulo Guedes disse que o Governo é incapaz de pagar R$ 90 bilhões em precatórios em 2022, conforme a Bloomberg News, e precisa da ajuda do Supremo Tribunal Federal (STF), acrescentando que esse volume torna o orçamento inexequível. Em entrevista coletiva para comentar dados de arrecadação de julho, o líder da pasta defendeu que os níveis de arrecadação sugerem que o PIB ficará acima do esperado.
A arrecadação federal ficou em R$ 171,27 bilhões no mês passado, ante estimativa Bloomberg de R$ 161,6 bilhões.
Caio Megale, economista-chefe da XP, aponta que “o desempenho positivo no curto prazo pode representar um risco para as discussões fiscais em andamento, pois pode ser visto como argumento para impulsionar os gastos do governo em ano eleitoral - ou pior, de maneira permanente”.
O risco, como sabemos, está na vinculação do aumento de gastos permanentes a um incerto crescimento da receita de maneira sustentada no longo prazo.
Caio Megale
Leia também
Cana-de-açúcar ainda adoça os resultados dos ex-donos do açúcar União
‘Meme stocks’ têm melhor dia desde salto da GameStop em junho