Amadeus lança fundo de US$ 150 milhões para América Latina e contrata novo parceiro no Brasil

Fundo europeu investe na América Latina há anos, mas decidiu injetar boa parte de seus recursos na região devido ao recente salto de crescimento

O fundo busca expandir seus investimentos na região e contratou um parceiro do Brasil
Por Marcella McCarthy (Brasil)
25 de Agosto, 2021 | 07:04 AM

Miami — A Amadeus Capital Partners, sediada em Londres, está expandindo seu alcance na América Latina ao levantar um fundo de crescimento (growth fund) de US$ 150 milhões e contratar um parceiro no Brasil. A empresa investe na região desde 2013 e conta com a Creditas (avaliada em cerca de US$ 2 bilhões) e a Descomplica como dois de seus investimentos.

“O que nos anima é que as saídas estão começando a acontecer [na região]”, disse Anne Glover, CEO e cofundadora da Amadeus.

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O fundo Latin American Sustainable Growth se concentrará em empresas em estágio avançado que precisam de dinheiro para crescer, não apenas para se manterem ativas. A Amadeus, que também tem escritórios em São Francisco e Bogotá, foi fundada em 1997 e há anos investe em mercados emergentes, mas é a primeira vez que dedica um fundo inteiro a um desses mercados.

“Escolhemos a América Latina porque a África não tinha o nível de preparação digital e a Ásia tinha financiamentos demais”, disse Glover à Bloomberg Línea.

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Em seus primeiros dias, a empresa focava em deeptech, mas hoje em dia tem um interesse geral em empresas que fornecem soluções habilitadas para tecnologia. Glover disse que observará com mais atenção as empresas nos setores de fintech, edtech, B2B e cadeia de suprimentos.

O fundo se concentrará em toda a região, mas adicionar um parceiro no Brasil faz sentido não apenas porque é um mercado enorme, mas também porque os brasileiros são conhecidos por serem pioneiros na adoção de tecnologia e por gostarem das “últimas novidades”.

Para liderar as operações no Brasil, a Amadeus trouxe Beatriz Amary, uma brasileira com MBA em Harvard e um histórico comprovado em private equity e investimento em estágio avançado. Enquanto trabalhava com private equity, Amary percebeu que seus melhores investimentos e aqueles que sobreviveram a qualquer caos foram empresas de tecnologia. Ao longo dos anos, ela percebeu que todas tinham uma coisa em comum: o crescimento exponencial. Segundo ela, devido ao nível de crescimento, mesmo que houvesse interferência da economia ou instabilidade política, uma empresa ainda poderia ter um bom desempenho.

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“Private equity é um macroinvestimento. O que eu gosto na comparação entre capital de risco e private equity é que o capital de risco tem tudo a ver com o empreendedor”, disse Amary.

Como mencionei em minha história sobre o novo fundo de crescimento da Genesis Venture, os investidores locais e estrangeiros na América Latina estão percebendo uma lacuna no mercado: tem muito dinheiro – em parcelas menores – para empresas na etapa inicial, mas poucas empresas estão dispostas e conseguem sustentar empresas em etapas mais avançadas. Mas isso acontece desde sempre, com exceção da Kaszek – é claro – que tinha um conhecimento privilegiado de tecnologia, já que seus fundadores são os ex-líderes do Mercado Livre e conhecem bem a região.

Não muito tempo atrás, quando o cofundador do Nubank, David Velez, ainda trabalhava para a Sequoia, a empresa buscava abrir um escritório latino-americano em São Paulo, mas levou Velez de volta para São Francisco porque não conseguiam encontrar oportunidades de investimento dignas na região. Aliás, esse foi o momento decisivo que levou Velez a sair e fundar Nubank (que se tornou um dos primeiros investimentos da Sequoia na América Latina). Mas nos últimos anos, vimos outras empresas globais, como o Founders Fund e a Tiger Global, enviarem dinheiro a empresas latino-americanas também.

Embora o Brasil sempre tenha chamado a atenção por causa de seu tamanho, a região como um todo chama a atenção de estrangeiros, e economias menores, como o Chile, lançam novas startups regularmente. Não é surpresa que investidores estrangeiros sintam a necessidade de “estar em solo nacional” para chegar primeiro aos negócios.

Marcella McCarthy

Marcella McCarthy (Brasil)

Jornalista americana/brasileira especializada em tech e startups com mestrado em jornalismo pela Medill School na Northwestern University. Cobriu America Latina, Healthtech e Miami para o TechCrunch e foi fundadora e CEO de um startup Americano na área de EdTech. Baseada em Miami.