Usinas direcionam produção de etanol para gasolina e reduzem oferta do combustível para uso na bomba

Menor disponibilidade de matéria-prima está fazendo com que indústrias escolham pela opção mais rentável, uma vez que o etanol hidratado possui um teto de preço estabelecido

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São Paulo — A menor oferta de cana-de-açúcar na atual safra está fazendo com que as usinas ajustem suas estratégias. A principal delas é aumentar a produção do etanol que vai misturado na gasolina (anidro) em detrimento ao utilizado diretamente nos tanques (hidratado).

A estratégia tem sua lógica. Com o aumento dos preços da gasolina, o biocombustível que vai misturado a ela tem apresentado melhor rentabilidade em comparação ao etanol hidratado. Como a disponibilidade de matéria-prima está mais limitada, as indústrias precisam escolher o melhor destino daquilo que é processado, já que a própria produção do biocombustível será 10,8% menor.

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Dados da União da Agroindústria da Cana-de-açúcar (Unica) mostram que na primeira quinzena de agosto foram produzidos 2,22 bilhões de litros de etanol. Desse total, 922 milhões foram destinados para o anidro, o que representa um crescimento de 28,17% em comparação ao mesmo período do ano passado. Já a produção de etanol hidratado somou 1,3 bilhão de litros, uma queda de 17%.

A produção tem sido um reflexo das vendas. Na primeira quinzena do mês foram comercializados 675,97 milhões de litros de etanol hidratado, o que significa uma queda de 12,29%. Já os negócios com o etanol anidro subiram 12,18% para 426,42 milhões de litros.

O preço médio do etanol hidratado ficou em R$ 3,1806 por litro na semana entre 16 e 20 de agosto, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo. O valor, que não inclui o frete, ICMS e PIS/Cofins, é 1,35% superior ao registrado na semana anterior. Já o biocombustível que é misturado à gasolina subiu 5,18% e fechou a semana cotado a R$ 3,7583 por litro.

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Contexto: A quantidade de cana-de-açúcar processada pelas unidades do Centro-Sul alcançou 44,62 milhões de toneladas na primeira metade de agosto, com retração de 4,20% sobre o valor apurado na mesma quinzena da safra 2020/21, de 46,58 milhões de toneladas.

No acumulado do ciclo agrícola atual a retração na produtividade agrícola é de 12,8%, com 86,1 toneladas por hectare registradas no último ano ante as 75,1 toneladas observadas na safra atual. A primeira e segunda geada ocorrida nos meses de inverno afetaram cerca de um milhão de hectares, o que representa cerca de 11,9% da área disponível para colheita na safra 2021/22, ou 26,9% da área a ser colhida até o final do ciclo agrícola atual.

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