São Paulo — A startup Driven, de ensino e capacitação de profissionais de tecnologia, recebeu um aporte de R$ 16 milhões de capital semente liderado pela gestora Iporanga Ventures. A startup busca qualificar profissionais como programadores e engenheiros de software para atender a demanda crescente de mão de obra qualificada para digitalização de empresas de diferentes setores.
Os recursos serão usados para a edtech ganhar escala e ampliar as equipes de ensino e de apoio na capacitação profissional nos próximos quatro anos. A startup espera formar 10 mil novos profissionais de tecnologia no período.
Segundo Paulo Monteiro, CEO da Driven, o país pode sofrer um verdadeiro “apagão de profissionais de tecnologia” nos próximos anos. Isso porque devem ser abertas 420 mil vagas no segmento até 2024, mas o país só consegue formar 46 mil desses profissionais por ano. E a maioria dos recém-formados e de programadores júniores não têm nem experiência prática, nem qualificação ou autonomia para assumir postos de liderança em empresas de rápido crescimento.
Para Monteiro, essa falta de preparo acaba fazendo com que mesmo os profissionais de maior potencial demorem meses até entregar valor para seus empregadores, acarretando em custos financeiros e de gestão elevados.
“A falta de mão de obra especializada é um dos principais gargalos hoje para o desenvolvimento do ecossistema de inovação no Brasil. Iniciativas como a Driven trabalham para, além de suprir esse gargalo, fomentar a educação de jovens, abrindo portas para um nova geração de profissionais, potenciais líderes de empresas do presente e do futuro “, disse Leonardo Teixeira, sócio da Iporanga.
Além da Iporanga, participaram da rodada de investimentos os fundos ONEVC, FundersClub e 3G Radar, além de investidores-anjo como Patrick Sigrist (iFood), Sergio Furio (Creditas) e Brian Requarth (VivaReal). Eles se juntaram aos sócios atuais Arpex Capital (Stone), Daniel Castanho (Ânima) e Pedro Thompson (Exame).
Inspirada num modelo de negócios desenvolvido nos EUA chamado ISA (Income Share Agreement, em inglês), o aluno da Driven só paga o curso quando estiver empregado, comprometendo até 17% do seu salário.
A formação demora entre seis e nove meses, e tem três fases. Na primeira, que engloba 70% da carga horária, o aluno cria e desenvolve projetos reais de tecnologia com apoio de empresas parceiras como iFood, Stone e OLX.
Na segunda, o aluno aprimora fundamentos de computação, desenvolve algoritmos e estrutura de dados para endereçar soluções de problemas complexos das companhias. Já a terceira fase consiste no desenvolvimento das chamadas “soft skills” como comunicação e gestão de tempo. Nessa fase, os alunos contam ainda com acompanhamento de psicólogos, mentores de carreira e tutores técnicos.
De cerca de 20 mil inscritos na seleção, apenas 140 profissionais se tornaram alunos em três diferentes turmas. A escola seleciona os melhores candidatos já formados em ciências exatas nas principais faculdades do país. A seleção é feita com base em critérios de interesse pela área, resiliência e raciocínio lógico.