Santiago — Nota do editor: Este artigo faz parte da série ‘Manual para superar a pandemia’ em que uma dezena de líderes de companhias relevantes para as economias da América Latina, revelam à Bloomberg Línea as lições aprendidas com a pior crise econômica. Eles responderam às perguntas em vídeo sobre como enfrentaram pandemia, com erros e acertos; o que as futuras gerações de líderes devem levar em consideração; o que mudou na forma de fazer negócios e de trabalhar e quais as mudanças que permanecerão por muitos mais anos.
Roberto Alvo assumiu como CEO do Latam Airlines Group semanas após a Organização Mundial da Saúde ter declarado estado de pandemia pelo coronavírus. Em 2020, o fechamento de fronteiras indicava um futuro nebuloso para as companhias aéreas.
O panorama intimidante não passou despercebido na empresa chileno-brasileira. No ano passado, apenas 28,3 milhões de passageiros viajaram com a holding para destinos internacionais, 61,8% a menos que em 2019, segundo o último relatório anual da Latam.
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Após um pedido mal sucedido de auxílio do governo de Sebastián Piñera no início da pandemia, a empresa entrou com um pedido de Capítulo 11 da Lei de Falências dos EUA, que aliviou a pressão dos credores. Foi um passo fundamental para frear o declínio da empresa.
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Em setembro, o Tribunal de Nova York autorizou um programa de financiamento de US$ 2,45 bilhões com aportes de investidores, credores e acionistas. “A crise foi uma grande oportunidade para repensar, definirmos o que teríamos que fazer de diferente, o que permitiria que a Latam saísse mais forte e como nos conectamos, não só com o nosso negócio, mas com as sociedades das quais participamos.”
Sua estratégia foi uma mudança de “olhar” dentro da empresa, visando assumir “responsabilidades” e contribuir com os negócios para a sociedade. Em 2020, pela primeira vez, eles viajaram para a China para trazer respiradores, máscaras de proteção, testes de diagnóstico da Covid-19, medicamentos e vacinas para a América do Sul. Nesse mesmo ano, a empresa reduziu sua estrutura de custos em 38,1% contra 2019.
Negócio transformado
A situação não poderia ser mais crítica nos primeiros meses da pandemia. Com mais de 43 mil funcionários a bordo, a decisão de redimensionar o grupo empresarial recaiu sobre o gerente geral, que garante que sua prioridade foi “cuidar dos empregos”, mas sempre sendo “aberto, honesto e transparente” com os funcionários para evite falsas expectativas.
No último ano, cerca de 15.262 funcionários foram desligados de seus empregos, em decorrência dos prejuízos multimilionários da multinacional, que, em seu momento mais complexo, reduziu sua operação em até 5% da capacidade. Segundo a memória do grupo empresarial, lançaram uma iniciativa denominada Mercado de Talentos para a recolocação profissional de desempregados. “O grande desafio era manter o nosso povo unido, seguro e calmo, que apesar das incertezas e dificuldades seguiríamos em frente.”
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Há cerca de dois meses o grupo começou a ver sinais de recuperação. Alvo garante que o grupo de companhias aéreas mantém a liderança na América Latina, embora tenha havido mudanças na forma de conceber o setor. “O grande desafio que temos, pelo menos, no setor aéreo é manter seu papel de conectar e transportar, mas ao mesmo tempo permitir que nosso meio ambiente seja preservado e, com sorte, melhorado”. E acrescenta que “a pandemia nos tornou mais conscientes dos cuidados que devemos ter com o planeta”.
Também foi fundamental adaptar o relacionamento com os clientes às novas dinâmicas. Nesse aspecto, o executivo sênior assessora oferecendo ao cliente um tratamento justo, empático, transparente e simples. “Para que você entenda porque está voando conosco, senão nosso compromisso com a sustentabilidade, cuidando do meio ambiente e das comunidades”.
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