Bloomberg — No final de julho, a Petroleos Mexicanos (Pemex) anunciou que divulgaria dados sobre as emissões de gases causadores do efeito estufa com mais regularidade, o que já deixou investidores com mais perguntas do que respostas. Em seguida, a estatal se recusou a discutir os motivos para a disparada das emissões no segundo trimestre.
Foi no mínimo constrangedor, mas os analistas também viram a medida como um primeiro passo neste segmento do setor de combustíveis fósseis que ainda está aprimorando sua estratégia verde.
A Pemex se junta a outras petrolíferas estatais que enfrentam pressões de acionistas estrangeiros para monitorar e diminuir as emissões de carbono.
Ao contrário das petrolíferas privadas, essas companhias têm o estado como maior acionista, o que deixa algumas opções mais arriscadas e experimentais fora de alcance.
As petrolíferas estatais “têm menos flexibilidade para fazer investimentos ou mudanças estratégicas em seus negócios”, disse Jonathan Wood, vice-diretor de pesquisa global da consultoria Control Risks. Essas empresas não podem simplesmente vender ativos muito poluentes, por exemplo. “Seu mandato é maximizar as receitas do governo e garantir fornecimento estável de energia doméstica a preço acessível. E muitas vezes atuam em mercados onde há controle de preços ou outras medidas elaboradas para alcançar esses resultados, o que é muito diferente do quadro enfrentado por empresas internacionais de petróleo”, explicou Wood.
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Os desafios das estatais não são homogêneos. Algumas estão mais adiantadas no cumprimento de metas de sustentabilidade. Embora cada petrolífera esteja sujeita a fatores específicos, a grande maioria se comporta de acordo com a estratégia econômica e política do governo que está no poder.
Estatais europeias, como a norueguesa Equinor ASA, estão entre as mais avançadas em sustentabilidade devido à riqueza e aos ambiciosos compromissos climáticos do continente. Na Arábia Saudita, a Saudi Aramco acelerou esses esforços desde a abertura de capital dois anos atrás, mas segue muito atrás das grandes petrolíferas internacionais e subestimou suas emissões em até 50% no início do ano, segundo uma investigação da Bloomberg Green.
Em regiões mais pobres, as petrolíferas estatais enfrentam maior pressão para equilibrar metas de sustentabilidade com necessidades econômicas. Em raras ocasiões, esses objetivos podem coincidir, como no caso da recente decisão da Colômbia de vender uma empresa de transmissão de eletricidade para a estatal Ecopetrol, que almeja zero emissões em termos líquidos até 2050.
“Não há dúvida de que a intenção era de natureza fiscal. A operação foi conduzida pelo Ministério das Finanças devido à necessidade de obter receitas adicionais” para reduzir o déficit fiscal, que disparou durante a pandemia, disse Mauricio Cárdenas, que foi ministro das Finanças da Colômbia entre 2012 e 2018 e hoje atua no Centro de Política Energética Global da Universidade de Columbia. “Mas se as coisas forem feitas do jeito certo, isso pode realmente ajudar a Ecopetrol a atingir a meta de zero emissões líquidas.”
No entanto, as metas econômicas e de sustentabilidade não costumam ser tão sinérgicas nos países em desenvolvimento. No Brasil, a escassez hidrelétrica devido à seca leva a Petrobras a aumentar vendas de óleo combustível para produção de energia.
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