Bloomberg — O secretário do Trabalho dos Estados Unidos, Marty Walsh, tinha grandes expectativas para setembro: um recuo no risco associado à Covid-19 que aliviaria as restrições de mobilidade e uma melhora contínua nos dados de emprego. Mas a trajetória agressiva da variante Delta abalou as esperanças dele de que o mercado de trabalho teria uma rápida recuperação nos Estados Unidos.
A nova disparada nos casos de coronavírus já adiou o retorno de muita gente ao escritório e freou as atividades dos consumidores nos EUA. O próprio Departamento de Trabalho comandado por Walsh adiou o retorno parcial dos funcionários pelo menos até outubro.
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“Eu esperava uma boa recuperação no mês de setembro”, disse Walsh, 54 anos, durante uma longa entrevista por Zoom à Bloomberg News na quinta-feira (19), quando estava em sua residência em Boston. “Tivemos bom crescimento do emprego nos últimos seis meses” e “temo que isso vá retardar um pouco o processo”.
Walsh revelou que a variante Delta pode abalar a expectativa de que a geração de empregos em julho — a maior em quase um ano — se repita nos próximos meses. Ele agora teme que o ressurgimento de casos da doença afete a mão de obra e o crescimento econômico.
O mercado de trabalho dos EUA ainda está se recuperando da crise e conta com aproximadamente 5,7 milhões de empregos a menos do que antes da pandemia.
Auxílio-desemprego
Dezenas de estados americanos cortaram o auxílio emergencial aos desempregados para ajudar as empresas a contratar pessoal. No entanto, esses estados podem ser forçados a aumentar os pacotes de ajuda se a variante Delta mantiver as pessoas em casa, afirmou o secretário.
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A volatilidade do mercado de trabalho agrava os desafios enfrentados por Walsh, o primeiro integrante de um sindicato a comandar o Departamento de Trabalho em meio século. Ele tem papel fundamental na agenda pró-trabalhador do presidente Joe Biden, com uma função abrangente que inclui regras salariais e de segurança e dados econômicos que movimentam o mercado financeiro.
Ele assumiu o cargo em um momento crítico: uma pandemia que devastou empresas e tirou o sustento de milhões de trabalhadores. Ao criar dificuldades inéditas nos locais de trabalho, o vírus também inspirou movimentos de sindicalização entre os chamados trabalhadores essenciais, que foram forçados a colocar sua saúde em risco. Os líderes trabalhistas esperam que o governo Biden ajude a ampliar esse ativismo e a reverter décadas de declínio do movimento sindical.
Walsh prometeu agir com urgência no cumprimento de leis trabalhistas e na implementação de novas regulamentações favoráveis aos trabalhadores, além de desfazer várias das políticas adotadas pelo ex-presidente Donald Trump. Ele defende que o Congresso estabeleça proteções mais fortes aos trabalhadores por meio do projeto de lei de reconciliação que está sendo redigido no Senado e só tem apoio do Partido Democrata. Segundo o secretário, o projeto de lei é uma oportunidade “única em uma geração”.
Sindicalização
“Vou tentar pressionar o máximo possível pela reconciliação”, disse Walsh. Seu plano abrange novas penalidades para empresas que violam os direitos de organização dos trabalhadores.
“Se der certo, será lindo e um bônus. Se não acontecer, teremos que encontrar outras maneiras de fazer isso”, disse ele.
Multas às companhias que desmantelam sindicatos são uma disposição fundamental da chamada Lei PRO, que representa uma grande revisão da legislação trabalhista e foi aprovada pela Câmara de Deputados com o apoio de Biden. No entanto, o projeto terá um caminho difícil no Senado.
Walsh elogiou o que chamou de políticas “transformadoras” que podem ser incluídas no pacote de reconciliação, como investimentos de bilhões de dólares em fiscalização das leis trabalhistas, programas de capacitação profissional e para cuidadores, além do primeiro sistema de licença familiar remunerada no país.
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