Bloomberg — Enquanto muitas grandes empresas dos EUA tentam aumentar a diversidade do quadro de gestores, a imprensa mostra o que uma liderança mais representativa é capaz de trazer para um setor que vai mal das pernas.
Este mês, a agência de notícias Associated Press nomeou a primeira mulher e pessoa de minoria racial ao comando da organização. Daisy Veerasingham foi nomeada vice-presidente executiva e diretora de operações da AP. No Texas, os jornais Dallas Morning News e Houston Chronicle elegeram seus primeiros editores-chefes negros em julho. Na televisão, mulheres negras agora dirigem as divisões de notícias da ABC News e da MSNBC pela primeira vez.
Esses líderes assumem cargos para melhorar a cobertura de notícias e ampliar a audiência em um momento de crise no setor. Cerca de 300 jornais encerraram operações nos EUA nos últimos três anos e a expectativa é que a receita continue diminuindo. Além desses desafios, alguns dos editores recém-empossados relatam obstáculos que não se impunham a seus antecessores, como a percepção de que foram promovidos não por suas qualificações, mas por causa da cor da pele.
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Jornalistas brancos continuam tendo representação desproporcional no quadro de pessoal desses veículos. Mais de três quartos (77%) dos funcionários de redação nos jornais, emissoras de televisão ou editoras digitais são brancos, enquanto na população de trabalhadores dos EUA em geral, essa parcela é de 65%, de acordo com uma análise do Pew Research Center em 2018.
Os problemas financeiros da imprensa motivaram demissões e congelamento das contratações durante anos, o que por muito tempo serviu como desculpa para não haver contratação de mais jornalistas negros e hispânicos — apesar dos benefícios que trazem aos meios de comunicação no sentido de refletir melhor a situação dessas comunidades, afirma Richard Prince, diretor de um website que acompanha as tendências de diversidade no jornalismo. “Mas onde existe vontade, existe jeito”, disse ele.
Entre os 20 maiores jornais diários dos EUA, aproximadamente metade tem uma mulher e/ou pessoa de minoria racial na liderança, de acordo com a Nieman Lab. Em 2014, três dos 25 maiores jornais tinham editoras-chefes mulheres e 15% dos jornais americanos tinham um indivíduo de minoria racial ocupando uma das três funções principais da redação.
Meio de expansão
Para os jornais, aumentar a diversidade pode ser bom para os negócios.
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Quase metade dos adultos negros segue o noticiário local “bem de perto”, uma porcentagem maior do que entre os brancos ou hispânicos, concluiu o instituto Pew. Contratar mais jornalistas negros ajuda as redações a afastar perspectivas homogêneas que podem limitar seu público, potencialmente estimulando a ampliação da base de assinantes.
Jornalistas negros entendem as preocupações da comunidade negra, disse Monica Richardson, que assumiu a editoria executiva do jornal Miami Herald em dezembro.
“Eu sei o que é passar por um policial na estrada e sentir medo”, disse ela.
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