Gás argentino no Brasil: o que é o projeto milionário promovido por Bolsonaro?

Plano para construção de gasoduto que uniria Vaca Muerta ao sul de São Paulo avança; Presidente brasileiro garantiu que as negociações com a Argentina foram iniciadas

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Buenos Aires — “Estamos negociando com a Argentina. Gás de Vaca Muerta. Vai sair algum dia, porque não é fácil começar a importar gás, criar e construir dutos”, disse na última quinta-feira o presidente Jair Bolsonaro.

É um dos projetos nos quais o embaixador argentino Daniel Scioli mais trabalhou desde que chegou em Brasília há um ano. O objetivo é ligar Vaca Muerta ao país vizinho e, assim, conseguir a exportação de gás natural, gerando divisas para o país e atendendo à demanda brasileira:

Como seria?

  • O gasoduto teria extensão de 1400 km para ligar Vaca Muerta a Uruguaiana e chegar até Porto Alegre para finalmente se encontrar com uma estrutura já instalada que a liga até o sul de São Paulo.
  • O projeto está em uma fase de exploração, com a análise de viabilidade e a busca por financiamento.
  • Os custos estimados são de aproximadamente US$ 3,7 bilhões para a Argentina e US$ 1,2 bilhões para o Brasil.

Veja mais: Brasil faz primeira exportação de etanol usando sistema de dutos

“Este é nosso grande projeto binacional. O Brasil precisa do gás, e nós precisamos dos mercados e dos investimentos”, disse Daniel Scioli ao Valor Econômico. Segundo o diplomata – ex-governador de Buenos Aires e ex-candidato à presidência do país – a obra beneficiaria ambos os países, pois o Brasil receberia o gás por um preço baixo, ao passo que a Argentina atrairia mais investimentos para Vaca Muerta.

No dia do meu aniversário de um ano à frente da @ArgentinaEnBras, o presidente @jairbolsonaro me recebeu no Palácio do Planalto. Durante o encontro, tivemos a oportunidade de revisar os avanços em todas as áreas da relação bilateral.

O projeto está em fase preliminar, embora a embaixada argentina garanta que as negociações avançam rapidamente. O Brasil precisa explorar diferentes vias para garantir o atendimento à sua demanda, enquanto, para a Argentina, seria uma oportunidade de diversificar o mercado, conforme fontes. “Entramos em contato com as associações de consumidores para destacar o interesse e o possível consumo, que é muito alto”, indicaram os representantes da Argentina no Brasil.

  • A seca no Brasil gerou a necessidade de importar até 2 GW de eletricidade da Argentina.
  • Isso poderia aumentar a demanda por gás nas centrais elétricas do país em 10 milhões de metros cúbicos por dia.
  • A Lei do Gás promulgada no Brasil neste ano abre as portas para as importações.

A grande aposta de Scioli: “É um projeto que, quando sair, mudará completamente o cerne das negociações”, afirmaram fontes ligadas ao ex-governador de Buenos Aires.

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