Em queda na B3, construtoras e incorporadoras apostam em programas de recompra de ações

Setor imobiliário, que acumula perda de quase 20% no ano, aproveita queda dos papéis para tirar seus papéis do mercado

Safra de balanços do 2º trimestre das construtoras e incorporadoras trouxe lucros robustos, mas a boa notícia não se refletiu nas ações, em queda devido ao receio de impacto negativo da reforma tributária
23 de Agosto, 2021 | 03:43 PM

São Paulo — O setor imobiliário é um dos mais castigados na Bolsa brasileira neste ano. As 20 ações mais negociadas desse mercado acumulam uma média de desvalorização anual de quase 20%, até o fechamento da última sexta-feira (23). Com o derretimento dos preços, construtoras e incorporadoras estão recomprando seus papéis no pregão. A última a anunciar esse tipo de iniciativa foi a BR Properties, cujo conselho de administração aprovou, ontem, um novo plano de aquisição de suas ações, tendo como “principal objetivo maximizar valor para os acionistas”.

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Pelo menos seis companhias do setor (BR Properties, Even, Eztec, Tenda, Moura Dubeux e JHSF) têm programas de recompra em vigor, que totalizam um volume de até R$ 759 milhões, caso todos os papéis fossem adquiridos com a cotação de hoje, segundo relatório do analista do Bradesco BBI, Bruno Mendonça, que acompanha essas empresas. Essas seis iniciaram ou restabeleceram seus planos de recompra neste mês.

A onda de programas de recompra envia um forte sinal de confiança das empresas no ciclo comercial, apesar do recente colapso do valor de mercado do setor”, afirma Mendonça.

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O IMOB (Índice Imobiliário) da B3 registrava, até a última sexta-feira (21), queda de 19,77%, sendo 8,25% somente em agosto. Para comparar: o Ibovespa acumulava queda de 0,81% no ano, até a última sexta.

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O estopim para o tombo do setor imobiliário foi a apresentação pelo governo federal da segunda fase da reforma tributária, em junho, quando o mercado reagiu mal à proposta, ainda em tramitação no Congresso Nacional, com previsão de impacto negativo para o setor devido a uma tributação mais onerosa em suas operações.

Free float

Segundo o analista do Bradesco BBI, as empresas do setor definem o parâmetro de recompra dentro de 9-10% do “free float” (percentual de papéis em circulação no mercado), exceto Eztec a 5%, em uma janela de seis meses permitida para permanecer aberta até fevereiro de 2022 (menos Tenda, que termina em dezembro deste ano, e Moura Dubeux, em abril do ano que vem).

“O recente colapso do setor foi impulsionado pela deterioração das condições macroeconômicas, embora os fundamentos das empresa continuem predominantemente robusto”, destacou o analista do Bradesco BBI.

Confira os seis programas de recompra

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BR Properties

  • Quantidade de ações a serem adquiridas: até 18 milhões de ações
  • Prazo para a realização das operações: até 19 de fevereiro de 2022

EZ TEC

  • Quantidade de ações a serem adquiridas: Até 5.035.897 de ações
  • Prazo para a realização das operações: Até 23 de fevereiro de 2022

Moura Dubeux

  • Quantidade de ações a serem adquiridas: até 5.715.759 de ações
  • Prazo para a realização das operações: Até 19 de abril de 2022

Even

  • Quantidade de ações a serem adquiridas: Até 3 milhões de ações
  • Prazo para a realização das operações: Até 13 de fevereiro de 2022

Tenda

  • Quantidade de ações a serem adquiridas: Até 10.434.424
  • Prazo para a realização das operações: Até 18 de dezembro de 2021

JHSF

  • Quantidade de ações a serem adquiridas: Até 28.000.000
  • Prazo para a realização das operações: 17 de fevereiro de 2023

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.