Ciro Nogueira nega suposta crise entre Bolsonaro e o Banco Central

Declaração do ministro-chefe da Casa Civil vem na sequência de notícia da Associated Press de que o presidente lamentava a autonomia do BC

Investidores tem estado preocupados com a pressão por mais gastos públicos, bem como com o atrito entre Bolsonaro e Supremo Tribunal Federal
Por Mariana Durão
21 de Agosto, 2021 | 03:22 PM

Bloomberg — O ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, negou a especulação de uma crise crescente entre o presidente Jair Bolsonaro e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chamando a situação de “fogueira imaginária”.

Ontem (20), uma notícia da Associated Press deu conta de que Bolsonaro teria lamentado a assinatura da lei de autonomia formal do BC. A agência de notícias informou que não foi a primeira vez que o presidente expressou o desejo de interferir na autoridade monetária do país.

“Não vamos jogar gasolina na fogueira. Sobretudo gasolinas que não existem em fogueiras imaginárias”, disse Nogueira em um tweet, acrescentando que a relação entre o governo e o banco central é “excelente”. “A autonomia da autoridade monetária é um avanço histórico e irreversível.”

O BC está aumentando agressivamente as taxas de juros este ano para trazer a inflação de volta à meta - entregou um total de 325 pontos-base em altas até agora e prometeu outro aumento para o mês que vem.

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A postura agressiva da autoridade ainda não convenceu os economistas. As expectativas de inflação para 2022 continuam subindo, já que o mercado é responsável pelo aumento dos custos das commodities e da eletricidade, bem como pelo crescente ruído político no período que antecede as eleições de 2022.

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Os investidores estão preocupados com a pressão por mais gastos públicos, bem como com o atrito entre o Bolsonaro e Supremo Tribunal Federal (STF). A tensão aumentou depois que ele pediu ao Senado que impugnasse um ministro que investiga o presidente e seus aliados por supostos ataques contra a democracia. Bolsonaro entrou com uma petição no Senado na noite de sexta-feira (20) solicitando a destituição do ministro, Alexandre de Moraes, dizendo que seus atos “vão além dos limites republicanos aceitáveis”.

Moraes autorizou várias investigações criminais de Bolsonaro, incluindo em seus esforços para minar o sistema de votação eletrônica do Brasil. O presidente nega qualquer irregularidade. No início da sexta-feira, a justiça realizou buscas entre aliados de Bolsonaro por supostamente incitar protestos violentos contra o tribunal superior e o congresso antes das comemorações do Dia da Independência de 7 de setembro.

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