Para Guedes, ‘barulheira política’ está contaminando desempenho da economia

Ministro afirmou que prefere não aprovar reforma tributária a piorar o atual sistema de arrecadação

Ministro da Economia, Paulo Guedes, afirma que prefere desistir a aprovar mudanças que piorem atual sistema
20 de Agosto, 2021 | 08:00 PM

São Paulo — O ministro da Economia, Paulo Guedes, reconheceu hoje (20) que a “barulheira política” está contaminando a economia e ameaçando a retomada no pós-pandemia. O ministro afirmou que o governo não tem conseguido interromper os confrontos políticos, que dificultam uma clareza maior dos agentes econômicos.

“Até 30, 40 dias atrás o quadro era o seguinte: [o país estava] criando 1 milhão de empregos a cada três e quatro meses; PIB crescendo 5,5% este ano, destravando todos os marcos regulatórios para termos uma sustentação dessa retomada”, disse em transmissão online da Genial Investimentos.

“Num momento como esse há uma agudização dos confrontos políticos e uma antecipação das eleições. Eu, já durante a pandemia, tinha lamentado que muita gente estivesse subindo em cadáveres para fazer política. No meio de uma pandemia, começar disputas políticas, são disfuncionais”, completou o ministro. ”Não estamos conseguindo interromper esse ciclo de agudização dos confrontos políticos”, disse.

Reforma tributária

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Mais cedo, Guedes afirmou durante debate com senadores que prefere que a reforma tributária não seja aprovada se acabar piorando o atual sistema. “Não vamos fazer nenhuma insensatez. Prefiro não ter uma reforma tributária do que piorar. Só que tem muita gente gritando que está piorando, mas é quem vai começar a pagar”, disse. “Se chegar à conclusão de que vai piorar, é melhor não ter.”

Para Guedes, piorar significa “aumenta impostos”, “tributar gente que não pode ser tributada” ou prejudicar a arrecadação de Estados e municípios.

O ministro repetiu que conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro na responsabilidade fiscal. “Bolsonaro tem me dado apoio pela responsabilidade fiscal”.

O chefe da Economia disse ainda que quando começou o governo do presidente Bolsonaro, a sua prioridade era aprovar a reforma da Previdência, já que o mecanismo de atuação do banco central era conhecido e a autonomia formal da instituição monetária não era uma prioridade.

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“Se a inflação está acima da meta, o juros vão subir, então já existe o algoritmo; isso [a autonomia do BC] não era minha prioridade”, disse Guedes no evento virtual.

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Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.