Exportador de café vai usar a Serasa para fugir de calote

Empresas querem saber o quanto da produção de cada fornecedor já está comprometida e o quanto ainda estaria disponível para comercialização

Exportadores de café e Serasa firmam parceria para monitorar volume de café comprometido pelos produtores e minimizar riscos de quebra de contrato no momento da entrega do produto
20 de Agosto, 2021 | 11:54 AM

São Paulo — Os exportadores de café do Brasil querem minimizar o risco de serem surpreendidos pelo default ou washout nos contratos firmados junto aos produtores. Para tentar se livrar do famoso calote, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), firmou uma parceria com a Serasa para tentar reduzir a possibilidade de perdas financeiras e reputacionais junto aos clientes no exterior.

Na prática, os associados da entidade vão submeter os contratos de compra firmados com produtores a uma plataforma da Serasa. Assim, os participantes do projeto vão conseguir visualizar o quanto cada cafeicultor já comprometeu de sua produção o sistema e conseguir avaliar melhor os riscos de antecipar recursos ao agricultor e ficar exposto ao não recebimento futuro do produto.

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Exportadores querem minimizar os riscos de calote na entrega do café monitorando o volume da produção já comprometida pelos agricultores ao longo da cadeia

“Os participantes do projeto não conseguem ver quem são os compradores e quais volumes já adquiriram. Eles conseguem identificar apenas o quanto cada produtor já vendeu antecipadamente de sua produção e o quanto ainda teria disponível para comercializar”, afirma Marcos Matos, diretor geral do Cecafé.

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Segundo ele, a ideia é que entre 70% e 80% de todo o café exportado passe pela nova plataforma, que foi desenvolvida dentro das atuais regras de proteção de dados, de crédito e sigilo.

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Tradicionalmente, os agricultores usam sua produção como garantia para adquirir os insumos necessários para a safra. Os fornecedores de máquinas, defensivos e fertilizantes antecipam os produtos com a promessa de entrega futura da produção, que já era negociada com um exportador ou indústria local. Até agora, não era possível identificar o quanto cada produtor já havia vendido antecipadamente, deixando uma parte do sistema exposta ao risco de não receber o produto no momento combinado.

“Queremos criar um ambiente financeiramente mais saudável. O produtor vai continuar fazendo o bater e poderemos atrair mais agentes para financiar a cadeia. O mercado financeiro está olhando com bons olhos para esse projeto, pois haverá uma maior segurança na gestão dos riscos dos contratos a termo”, explica Matos.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.