Bolsonaro mostra irritação com autonomia do Banco Central

Conforme a Associated Press, citando fontes ligadas ao governo, o presidente tem dito que gostaria da interferir na política monetária

Bolsonaro chegou a dizer que gostaria de substituir o presidente do Banco Central, conforme a AP citando fonte
20 de Agosto, 2021 | 05:28 PM

São Paulo — O presidente Jair Bolsonaro tem expressado irritação com a autonomia do Banco Central, já que o aumento da inflação representa uma ameaça às suas perspectivas de reeleição em 2022, disseram funcionários do governo à Associated Press.

Na quinta-feira (19), durante um voo de volta para casa vindo do estado de Mato Grosso, Bolsonaro disse lamentar a assinatura do projeto de lei no início deste ano que concedeu autonomia à autarquia, disse à agência um alto funcionário que estava a bordo.

Separadamente, Bolsonaro em várias ocasiões recentes expressou desconforto com a autonomia e disse que gostaria de interferir na política monetária, disse à AP um ministro que ouviu tais reclamações. Ambos falaram sob condição de anonimato.

A autonomia do Banco Central foi aprovada em fevereiro como forma de proteger a autarquia de intromissões políticas e melhorar a credibilidade. O presidente ainda tem a autoridade de nomear o líder do BC, mas não a tem para demitir.

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Bolsonaro, em 2018, deu garantias de que permaneceria sem intervenção na política econômica, e o mercado comemorou sua escolha para liderar o banco central: o economista Roberto Campos Neto, que iniciou um mandato fixo de quatro anos em abril.

Nas últimas semanas, a relação do chefe do Executivo com os líderes dos demais Poderes tem sido motivo de preocupação nos mercados, que temem que a subida de tom do presidente continue gerando ruídos.

O Planalto e o BC não responderam aos pedidos da AP para comentários sobre as declarações de Bolsonaro sobre a autonomia do banco central.

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A declaração de Bolsonaro sobre o arrependimento da autonomia do BC veio em resposta a comentários de Campos Neto, que reconheceu durante evento online do Conselho das Américas que o “ruído local” teve impacto nas expectativas de inflação para 2022.

Questionado a essa respeito, o presidente disse desejar que pudesse substituí-lo com uma canetada, segundo o oficial presente.

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.